A nutrição influencia a fertilidade? Essa é uma pergunta muito comum de casais que estão tendo dificuldade para engravidar. Contudo, a resposta é um pouco mais complexa do que se pensa.
Alimentar-se bem, assim como praticar exercícios físicos e evitar fumar ou beber álcool, faz parte do que chamamos de “bons hábitos de vida” ou “estilo de vida saudável”. De forma global, esses fatores contribuem sim para reduzir a fertilidade, mas geralmente não são uma causa direta de infertilidade.
Quer saber mais sobre esse tema tão importante? Acompanhe este post até o final!
O que é a infertilidade?
A primeira coisa que precisamos fazer é definir a infertilidade em termos mais precisos. Na definição atual, um casal precisa preencher todos os critérios a seguir para ser considerado infértil:
• Dificuldade para engravidar após 1 ano de tentativas para casais em que a mulher tem menos de 35 anos. Quando a mulher tem 35 anos ou mais, esse período é abreviado para 6 meses;
• As tentativas devem ter sido realizadas sem uso de métodos contraceptivos durante o período fértil da mulher.
A infertilidade tem relação com a alimentação?
O primeiro ponto que precisamos enfatizar é que não existe um alimento que cause infertilidade ou que aumente a fertilidade. Assim, o mais importante é a manutenção de hábitos alimentares saudáveis para evitar condições que são fatores de risco para a infertilidade, como a desnutrição grave e a obesidade.
Desnutrição
A má alimentação não é considerada uma causa direta de infertilidade, exceto em casos extremos. A desnutrição grave é considerada um fator de risco importante para a infertilidade. Ela pode ser causada por transtornos alimentares, como a anorexia e a bulimia.
Com um consumo baixo e crônico de nutrientes essenciais, o corpo não recebe a quantidade de insumos necessários para manter suas funções diárias. Isso altera especialmente o sistema endócrino, causando disfunções hormonais que podem impactar negativamente na função reprodutiva.
Obesidade
A obesidade é causada pelo consumo excessivo de calorias em comparação com as necessidades diárias de cada pessoa. Os estudos vêm mostrando que a obesidade é um fator de risco para subfertilidade, isto é, ela não é uma causa de infertilidade, mas reduz as chances de um casal conseguir engravidar.
Além disso, em mulheres predispostas à síndrome dos ovários policísticos, a obesidade pode precipitar o curso dessa condição. Afinal, o acúmulo de gordura no tecido adiposo causado pela obesidade potencializa a ação da testosterona e aumenta a resistência à insulina.
A SOP pode causar a anovulação, isto é, os ovários deixam de liberar um óvulo em um período em que a ovulação era esperada. Menos ciclos ovulatórios significam uma menor chance de engravidar, sendo um fator de infertilidade. Contudo, é importante fazer uma distinção: nem toda mulher obesa terá SOP e muitas mulheres com SOP não são obesas. Da mesma forma, a SOP pode causar infertilidade mesmo na ausência de sobrepeso.
Entretanto, cada vez mais evidências científicas mostram que manter um peso adequado pode potencializar as chances de um casal engravidar, pois:
• A redução do peso de 10% da massa de gordura pode ajudar a controlar a SOP;
• A obesidade compromete a fertilidade feminina, mesmo na ausência de SOP, além de prejudicar a fertilidade masculina;
• A obesidade também compromete as chances de sucesso da reprodução assistida. Então, uma nutrição saudável pode melhorar os resultados dos tratamentos para fertilidade.
Hábitos de vida e fertilidade
Além disso, a má alimentação geralmente não é um problema isolado. Geralmente, ela aparece com outros hábitos de vida pouco saudáveis, como:
• Tabagismo – o uso crônico de cigarro não compromete apenas as funções respiratórias, mas também pode alterar a forma e os movimentos dos espermatozoides, o que contribui para a dificuldade para engravidar;
• Consumo excessivo de cafeína – o consumo moderado de café não causa redução da fertilidade. Entretanto, em doses muito elevadas, a cafeína pode prejudicar a atividade muscular das tubas uterinas, que são o local onde ocorre a fecundação. Isso pode acontecer quando a pessoa toma muito café durante o dia ou usa suplementos com altas doses de cafeína;
• Estresse crônico – uma rotina estressante causa diversos problemas, como sono inadequado, disfunções imunológicas e hormonais. Esses fatores podem causar problemas que impactam nas funções sexual e reprodutivas, como disfunção erétil e evitação de relações sexuais, além de poderem ter um impacto negativo na produção dos espermatozoides e no amadurecimento folicular.
Nutrição para os casais em reprodução assistida
Na medicina reprodutiva, o acompanhamento multidisciplinar tem ganhado bastante destaque. Por exemplo, técnicas complementares, como a acupuntura, têm sido incorporadas para aumentar as chances de sucesso dos tratamentos.
Nesse sentido, o acompanhamento nutricional pode também ser um aliado, especialmente de casais em que um dos membros apresenta obesidade. A perda de peso pode melhorar a fertilidade e as taxas de sucesso das técnicas de reprodução assistida.
Embora a nutrição não seja uma causa direta de infertilidade, manter hábitos alimentares saudáveis e um estilo de vida equilibrado pode influenciar positivamente a fertilidade. Controlar o peso, evitar o tabagismo, moderar o consumo de cafeína e gerenciar o estresse são ações que reduzem fatores de risco para a dificuldade de engravidar. Além disso, para casais que recorrem à reprodução assistida, o acompanhamento nutricional pode ser importante para auxiliar no controle do peso.
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