A adenomiose é uma doença que se caracteriza pela presença do tecido endometrial (epitelial), camada que reveste o útero internamente, no miométrio, camada muscular intermediária do útero. Além do endométrio e do miométrio, o útero é formado também pelo perimétrio, camada mais externa, constituída de tecido conjuntivo.
O útero é um órgão do sistema reprodutor feminino fundamental para a gestação. As doenças que o afetam podem dificultar a fixação do embrião, assim como a gravidez. Em alguns casos, a fertilização in vitro (FIV) pode ser indicada para mulheres que desejam engravidar e estão com dificuldades.
Neste texto, vamos abordar as causas da doença, assim como os sintomas mais comuns, os exames geralmente solicitados, como é realizado o diagnóstico, os tratamentos e a reprodução assistida nessa situação.
Causas
As causas da adenomiose ainda não são totalmente estabelecidas, mas existem algumas teorias para explicar a etiologia da doença.
Entre o endométrio e o miométrio existe uma região chamada zona juncional. Essa fina barreira impede que as células do endométrio entrem no miométrio e vice-versa. No entanto, em algumas mulheres, essa zona é rompida e essas células endometriais invadem o miométrio, causando a adenomiose.
Esse rompimento pode ser secundário ao trauma causado na região por algum procedimento cirúrgico, inclusive parto. O desenvolvimento da adenomiose também pode estar associado a fatores genéticos e imunológicos.
Essa entrada de células endometriais no miométrio desencadeia um processo inflamatório que pode se tornar crônico.
Alguns fatores aumentam o risco da adenomiose, como:
- Histórico de aborto e curetagem;
- Obesidade;
- Menarca precoce;
- Parto prematuro;
- Infertilidade.
Sintomas
Os sintomas mais observados na adenomiose são:
- Dismenorreia (cólicas intensas antes ou durante a menstruação);
- Dor pélvica e dispareunia (dor durante as relações sexuais);
- Abortos;
- Inchaço na região abdominal;
- Aumento do volume do útero;
- Intensificação do fluxo menstrual;
- Infertilidade.
Esses sintomas são semelhantes aos de outras doenças, por isso é necessária a investigação clínica minuciosa para definir este diagnóstico.
Cerca de 30% a 50% das mulheres podem ser assintomáticas, o que dificulta a estimativa da prevalência da doença.
Exames e diagnóstico
Os exames que permitem a investigação e o diagnóstico da adenomiose são:
- Ultrassonografia transvaginal;
- Ressonância magnética de pelve.
A ressonância magnética é o exame mais preciso na investigação da adenomiose, mas a ultrassonografia também pode auxiliar no diagnóstico. Ambos conseguem analisar a parede muscular uterina para verificar sinais da adenomiose.
O diagnóstico é feito a partir dos achados nos exames de imagem mencionados e sintomas clínicos. Em alguns casos, o exame de toque vaginal, feito na consulta de rotina, pode sugerir a presença da adenomiose.
Ao definir o diagnóstico, é possível avaliar a gravidade da doença, para propor o melhor tratamento. A escolha do tratamento depende dos objetivos da mulher em relação ao desejo de gravidez.
Tratamento

O tratamento depende dos objetivos da paciente, assim como dos sintomas, da gravidade e das características da doença.
Inicialmente, é realizado o tratamento clínico para evitar a intervenção cirúrgica. Existem medicamentos que podem controlar a doença.
Os anti-inflamatórios podem ser prescritos em casos de dor. Já os anticoncepcionais de uso contínuo podem melhorar o quadro mediante o bloqueio da menstruação. Este método controla a adenomiose e evita gravidez, fato este que pode ser contraindicado para aquelas que estão planejando engravidar.
Os procedimentos cirúrgicos podem ser minimamente invasivos, como a videolaparoscopia ou a vídeo-histeroscopia, se for possível retirar apenas o tecido afetado, ou radicais, como a histerectomia, que é a retirada parcial ou total do útero. A indicação do procedimento cirúrgico está relacionada à gravidade da doença e à intenção de gravidez imediata.
Adenomiose, infertilidade e reprodução assistida
A adenomiose pode levar à infertilidade. Como ela afeta o útero, pode prejudicar a implantação do embrião.
A FIV pode aumentar as chances de gravidez nesta situação e, eventualmente, indicamos um bloqueio hormonal previamente à FIV.