Criopreservação é um termo genérico para designar diferentes técnicas de preservação de material biológico por congelamento. Trata-se de técnicas de alta complexidade que estão em constante aprimoramento em virtude de sua ampla aplicabilidade clínica.

Inúmeras pesquisas foram realizadas para que esses procedimentos pudessem oferecer bons resultados no processo de congelamento e descongelamento de óvulos, espermatozoides, embriões e outros materiais biológicos, além de oferecer o suporte necessário às técnicas de reprodução assistida.

A criopreservação é muito utilizada no contexto da reprodução assistida e proporciona inúmeras possibilidades de tratamento para fertilidade, inclusive na preservação social (mulheres que congelam os óvulos enquanto são mais jovens para futura gravidez com seu próprio material biológico) e oncológica (indivíduos que optam pelo congelamento de gametas previamente ao tratamento de câncer, com potencial deletério à fertilidade).

Atualmente, a técnica mais utilizada é a vitrificação, também denominada congelamento ultrarrápido, que representou um grande avanço em relação à técnica anterior de congelamento lento. Nessa técnica mais antiga, havia um grande índice de formação de cristais de gelo no interior dos materiais que inviabilizava seu uso.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) é o órgão responsável pela regulamentação do congelamento como técnica no âmbito da reprodução humana assistida.

Neste texto, vamos falar sobre regulamentação da utilização das técnicas de criopreservação, sobre a vitrificação, as indicações e o sucesso da prática.

Regulamentação

Tratar da regulamentação é importante porque são as regras que dizem o que as clínicas de reprodução assistida podem ou não executar em seu serviço. O objetivo é proteger os pacientes e criar diretrizes comuns, que devem ser respeitadas por todos.

O CFM estabelece as seguintes diretrizes, principalmente relacionadas aos embriões:

  1. As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar espermatozoides, oócitos (óvulos), embriões e tecidos gonádicos;
  2. O número total de embriões gerados em laboratório será comunicado aos pacientes para que decidam quantos embriões serão transferidos a fresco. Os excedentes, viáveis, devem ser criopreservados;
  3. No momento da criopreservação, os pacientes devem manifestar sua vontade, por escrito, quanto ao destino a ser dado aos embriões criopreservados em caso de divórcio ou dissolução de união estável, doenças graves ou falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam doá-los;
  4. Os embriões criopreservados com três anos ou mais poderão ser descartados, se essa for a vontade expressa dos pacientes;
  5. Os embriões criopreservados e abandonados por três anos ou mais poderão ser descartados;
  6. Embrião abandonado é assim considerado quando os responsáveis descumprem o contrato preestabelecido e não são localizados pela clínica.

Vitrificação

A vitrificação é a técnica de congelamento de gametas e embriões mais indicada atualmente em virtude de suas altas taxas de sucesso.

Antes da tecnologia de vitrificação, o congelamento era feito pela técnica de congelamento lento, em que eram necessárias algumas horas até que o material atingisse o ponto ideal de resfriamento. Na vitrificação, esse processo leva apenas alguns minutos, com uma maior probabilidade de manutenção da integridade do material.

A principal diferença entre as duas técnicas é a utilização de soluções crioprotetoras para evitar a formação de cristais de gelo no interior das células..

Na vitrificação, o material é resfriado e imerso em substâncias crioprotetoras, que evitam a formação de cristais de gelo. Esse processo também é feito no congelamento lento, mas com substâncias menos concentradas, que permitem a formação de cristais de gelo no interior da célula, com consequente dano à integridade do gameta no processo de descongelamento.

Os passos da vitrificação são:

Indicações

A criopreservação pode ser indicada para:

Os embriões podem ser transferidos no mesmo ciclo menstrual em que foi feita a estimulação ovariana ou em ciclo posterior. Em casos de desequilíbrio hormonal com endométrio não receptivo, é necessário um novo preparo, que deve ser feito no próximo ciclo menstrual. Nesses casos, os embriões ficam congelados por um período curto de tempo, até o ciclo seguinte apenas.

Além disso, a criopreservação é obrigatória:

Os embriões excedentes são resultado, principalmente, de uma estimulação ovariana intensa e da fecundação de um número elevado de óvulos. O CFM limita a quantidade de embriões que pode ser transferida ao útero materno, de acordo com a idade da paciente, para evitar gestações múltiplas, que oferecem risco aos bebês e à mãe.

Sucesso

Existem duas taxas de sucesso que devem ser consideradas na criopreservação: a taxa de sucesso do congelamento e descongelamento e a taxa de sucesso de gravidez com a utilização da criopreservação.

A primeira é de aproximadamente 90%. Isso significa que praticamente todos os materiais congelados permanecem viáveis após descongelamento.

A segunda é de aproximadamente 40%, índice semelhante à FIV realizada com transferência de embriões a fresco.

Esses índices de sucesso mostram a relevância da vitrificação para a reprodução assistida. Trata-se de uma técnica que, de fato, possibilitou novas estratégias de tratamento.

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