O sêmen é um líquido de aparência esbranquiçada composto por substâncias produzidas por diferentes glândulas masculinas, como testículos, vesículas seminais, próstata e as bulbouretrais. Ele contém os espermatozoides e facilita o deslocamento desses gametas pelo trato reprodutor feminino, até o encontro com o óvulo. Dessa forma, ele é fundamental para a fertilidade masculina.
Estima-se que 40% dos casos de infertilidade conjugal são decorrentes de fatores masculinos, principalmente por alterações nos parâmetros de qualidade (motilidade e morfologia) e quantidade (número de espermatozoides no sêmen ejaculado) dos espermatozoides.
No sêmen, encontramos muitos outros elementos, como: vitaminas, frutose, ácido ascórbico, proteínas, cálcio, antígenos do grupo sanguíneo, magnésio, potássio, entre outros.
A espermatogênese é complexa e alterações nesse processo podem levar à infertilidade. O espermograma é solicitado para investigação da fertilidade masculina e pode ser complementado com preparo seminal.
Neste texto, vamos abordar a avaliação dos parâmetros seminais com o espermograma, para quais técnicas de reprodução assistida ela pode ser indicada e como é feita a preparação seminal.
Espermograma e parâmetros seminais
O principal exame de avaliação da fertilidade masculina é o espermograma, no qual são avaliados aspectos macroscópicos e microscópicos do sêmen.
A alteração em um dos parâmetros seminais pode elucidar a infertilidade masculina e sugerir o tratamento mais indicado para atingir a gravidez.
Análise macroscópica
Na análise macroscópica, são avaliados:
- Cor e aspecto;
- Tempo de liquefação;
- Volume;
- Viscosidade;
- pH.
Análise microscópica
Na análise microscópica, são avaliados:
- Concentração por ml de espermatozoides;
- Concentração total;
- Motilidade progressiva;
- Motilidade não progressiva;
- Morfologia;
- Vitalidade.
Avaliação do sêmen
A alteração seminal pode ser ainda complementada pelo preparo seminal, que é realizado previamente aos tratamentos de reprodução assistida para potencializar os resultados positivos.
Esse preparo seleciona os espermatozoides e os concentra para favorecer o seu empenho na fecundação.
Contudo, em casos de azoospermia, ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado, não há preparo seminal. Nesses casos, os gametas são coletados diretamente dos testículos (TESE e Micro-TESE) ou dos epidídimos (PESA e MESA).
Reprodução humana assistida e a preparação seminal
O procedimento de preparo do sêmen é indicado para homens com parâmetros seminais abaixo do recomendado e que estão em processo de inseminação artificial (IA) ou de fertilização in vitro (FIV), as duas principais técnicas de reprodução assistida.
Como é feito o preparo seminal
Há duas principais técnicas de preparo seminal: gradiente descontínuo de densidade e migração ascendente ou swim-up.
O principal objetivo do preparo do sêmen é selecionar os melhores espermatozoides para maximizar as taxas de sucesso das técnicas de reprodução assistida.
Gradiente descontínuo de densidade
O gradiente descontínuo de densidade é a técnica de preparo seminal mais utilizada atualmente em virtude de seus melhores resultados.
Nesse método, é aplicada uma força centrífuga no sêmen depositado em um tubo de ensaio para que todos os elementos tentem superar diferentes gradientes de densidades. Apenas os melhores espermatozoides conseguem ultrapassar as barreiras físicas impostas, formando uma espécie de líquido concentrado de espermatozoides. Todos os outros elementos são descartados.
Migração ascendente ou swim-up
A amostra do sêmen coletado é enviada ao laboratório para análise e preparo. O objetivo é aumentar as chances de fecundação do óvulo pelo espermatozoide.
A técnica de migração ascendente também tem a finalidade de separar os espermatozoides de boa qualidade dos outros elementos que formam o sêmen, como o plasma seminal, espermatozoides de baixa qualidade ou mortos, entre outros.
Para isso, a amostra seminal coletada é depositada em um tubo de ensaio preenchido por uma substância utilizada como meio de cultura. Nessa substância, os espermatozoides permanecem preservados.
O tubo de ensaio, que contém os espermatozoides, é submetido a uma força centrífuga, fazendo com que os melhores espermatozoides ascendam à superfície do líquido e as outras substâncias fiquem depositados no fundo do tubo.
A etapa final é a coleta dos espermatozoides de melhor qualidade (que estão na superfície) para utilização na reprodução assistida.