A infertilidade feminina pode ter diversas causas e, no topo da lista, está o fator ovulatório, que abrange oligovulação e anovulação.
Para abordar esse tema, precisamos começar com a ovulação, o evento que ocorre de modo cíclico no corpo da mulher, no qual um óvulo maduro é liberado pelo ovário, pronto para ser fertilizado e dar início a uma nova vida.
Ao longo da vida reprodutiva, é esperado que a ovulação aconteça todo mês, mas algumas mulheres enfrentam dificuldades para ovular regularmente. O problema ovulatório pode ter relação com doenças endócrinas, alterações genéticas, tratamentos médicos e até fatores do estilo de vida que levam ao desequilíbrio hormonal.
Continue a leitura e conheça as principais causas da anovulação!
O que é anovulação?
O prefixo “an” exprime o sentido de privação, de negação. Se a ovulação é caracterizada pela liberação de um óvulo maduro, entende-se que anovulação significa que esse evento não ocorre. Portanto, trata-se da ausência de ovulação.
Quando há episódios intermitentes de disfunção ovulatória, chamamos de oligovulação. Nessa condição, a mulher ovula, mas de mofo infrequente. Já a anovulação crônica é a ausência de ovulação por um período prolongado, geralmente por mais de três meses consecutivos.
A relação entre anovulação e infertilidade é clara: é necessário que um óvulo seja liberado para ser fertilizado por um espermatozoide, sendo essa união um fenômeno determinante para o estabelecimento da gravidez. Se a mulher não ovula, a concepção natural não acontece.
Os problemas ovulatórios representam a principal causa de infertilidade, variando entre 25% e 40% dos casos. As irregularidades menstruais, como ausência de menstruação (amenorreia) e períodos menstruais infrequentes (oligomenorreia), são importantes indícios de disfunção ovulatória.
Quais são as causas da anovulação?
As causas mais frequentes de anovulação incluem a síndrome dos ovários policísticos (SOP), variações acentuadas no peso corporal (obesidade ou peso extremamente baixo), exercícios físicos extenuantes, disfunção na glândula tireoide e hiperprolactinemia.
Os fatores acima, dentre outros, estão dentro das 4 classificações de distúrbios ovulatórios, segundo a subdivisão proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Conheça!
Anovulação hipogonadotrófica hipogonadal
Esse tipo de anovulação está associado a fatores do estilo de vida, como perda excessiva de peso, ingestão calórica insuficiente e prática exacerbada de exercícios físicos. Tais condições podem levar à diminuição da secreção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) pelo hipotálamo.
O desequilíbrio do GnRH afeta a secreção das gonadotrofinas pela glândula hipófise — o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), que são responsáveis por estimular o processo ovulatório. Por consequência, o crescimento dos folículos ovarianos ocorre de modo anormal, resultando em anovulação e baixos níveis de estrogênio.
Anovulação normoestrogênica normogonadotrófica
Representada principalmente pela SOP, essa anovulação afeta a maioria das pacientes — aproximadamente 80% de todas as mulheres com distúrbio ovulatório.
A SOP é uma endocrinopatia diagnosticada pela presença de oligo/anovulação, sinais clínicos ou laboratoriais de hiperandrogenismo (excesso de hormônio masculino) e presença de cistos nos ovários, confirmada por ultrassonografia. Pelo menos dois dos três critérios mencionados devem ser apresentados para confirmar o diagnóstico.
O desequilíbrio hormonal que ocorre na SOP está associado à disfunção no desenvolvimento dos folículos ovarianos, prejudicando a liberação de um óvulo maduro.
Anovulação hiperprolactinêmica
A hiperprolactinemia é uma causa comum de infertilidade feminina. É uma condição caracterizada por níveis elevados de prolactina no sangue, um hormônio produzido pela glândula hipófise, que tem como principal função estimular a produção de leite materno.
Níveis elevados de prolactina podem suprimir a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina pelo hipotálamo, o que leva à baixa secreção de LH e FSH e interfere no desenvolvimento dos folículos ovarianos e na ovulação.
A hiperprolactinemia não fisiológica (não associada à gravidez/amamentação) pode ser causada por adenoma hipofisário (tumor benigno na hipófise), uso de determinados medicamentos, entre outros fatores.
Anovulação hipoestrogênica hipergonadotrófica
Nessa classificação, temos a anovulação relacionada à redução da função ovariana devido ao avanço da idade, bem como à insuficiência ovariana prematura (menopausa antes dos 40 anos). São condições caracterizadas pela falta de desenvolvimento folicular, redução nos níveis de estrogênio, perda de óvulos e infertilidade.
A síndrome de Turner, uma alteração no número dos cromossomos sexuais que leva a um cariótipo 45X, é a causa mais comum de insuficiência ovariana prematura.
Como tratar?
O diagnóstico de anovulação é feito por meio da avaliação do ciclo menstrual. A análise dos níveis hormonais e a ultrassonografia pélvica são exames complementares importantes.
O tratamento depende da causa da anovulação e pode incluir medicamentos, cirurgia ou técnicas de reprodução assistida. Mudanças no estilo de vida também são recomendadas para ajudar a regular a ovulação.
No âmbito da reprodução assistida, a estimulação ovariana com protocolos personalizados e a fertilização in vitro (FIV) são opções importantes. O casal pode ter outro fator de infertilidade além da anovulação, portanto, a mulher e o homem devem ser examinados antes de iniciar qualquer técnica.
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