Causa comum da infertilidade feminina, a síndrome dos ovários policísticos (SOP) está intimamente ligada ao ciclo menstrual. A cada ciclo menstrual, um folículo presente em um dos ovários se rompe e libera um óvulo maduro. O óvulo segue então em direção às tubas uterinas para chegar ao útero, onde poderá ser fecundado e dar origem a um embrião. Esse fenômeno é chamado de ovulação.
Caso o óvulo não seja fecundado, o endométrio – revestimento interno do útero, que se preparou para receber o embrião – descama na forma de menstruação, iniciando um novo ciclo. No entanto, algumas mulheres podem passar algum tempo sem ovular.
A anovulação em geral é causada por algum tipo de distúrbio hormonal, sendo o principal deles a SOP.
Neste texto, vou falar sobre o que é essa síndrome, quais os seus sintomas e possíveis tratamentos. Confira.
O que é a síndrome dos ovários policísticos
Importante causa de anovulação, a SOP pode se manifestar em mulheres em idade reprodutiva e leva à infertilidade. A SOP é um distúrbio endócrino-ginecológico caracterizado pela maior produção de hormônios masculinos.
As causas da SOP ainda são desconhecidas, mas já se sabe que existe um fator genético importante, uma vez que é comum o histórico familiar dessa síndrome.
Quais são os principais sintomas
O Consenso de Rotterdam, documento internacional que define critérios diagnósticos sobre a SOP, estabelece que, para ser diagnosticada a síndrome, os seguintes fatores devem estar presentes.
- Oligomenorreia e/ou anovulação, ou seja, quando os ciclos menstruais são irregulares (normalmente mais longos do que o normal) ou a ausência da ovulação;
- Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial. Essa característica pode se manifestar externamente na forma de pele oleosa, acne, seborreia, hirsutismo (pelos em locais do corpo incomuns para mulheres, como na face), obesidade e alopecia androgenética (perda de cabelos e consequente calvície).
Atualmente, a ultrassonografia pélvica com evidência de microcistos ovarianos não é considerada como critério diagnóstico desta síndrome.
Os primeiros sintomas da SOP normalmente se manifestam na adolescência. A síndrome pode levar à obesidade, ao diabetes mellitus tipo 2 e à dislipidemia (alta concentração de gorduras no sangue).
Há ainda indícios de que, a longo prazo, a SOP possa estar relacionada a um risco maior de desenvolvimento de câncer de endométrio e de doenças cardiovasculares, uma vez que as pacientes portadoras dessa síndrome apresentam maior predisposição à hipertensão arterial.
O diagnóstico da SOP é feito por exclusão, ou seja, devem ser eliminadas as suspeitas de distúrbios que possam também levar à irregularidade dos ciclos menstruais e aos sinais clínicos ou laboratoriais de outros distúrbios hormonais.
A exclusão da possibilidade de hipotireoidismo (baixa produção dos hormônios da tireoide) e hiperprolactinemia (alta produção do hormônio prolactina), por exemplo, pode ser feita por meio da dosagem sanguínea de TSH e prolactina.
Como tratar a SOP
O tratamento dessa síndrome é realizado de acordo com o sintoma apresentado e desejo de gravidez na ocasião.
Sinais e sintomas do hiperandrogenismo
O uso de anticoncepcionais orais é uma alternativa para tratar a acne e o hirsutismo (pelos em locais do corpo incomuns para mulheres, como na face). Em pacientes obesas, a perda e controle do peso pode ser suficiente para reverter os sinais e sintomas de hiperandrogenismo.
Prevenção de problemas a longo prazo
Como destacamos anteriormente, a SOP aumenta o risco de distúrbios metabólicos, como doenças cardiovasculares, diabetes e câncer endometrial. Existem duas medidas principais capazes de evitar essas complicações a longo prazo:
- Mudança de estilo de vida: dieta adequada e prática regular de exercícios físicos são fatores fundamentais para melhorar os níveis de lipídios no organismo, além de reduzir a resistência à insulina e contribuir para a regularização da ovulação;
- Anticoncepcionais de baixa dosagem hormonal auxiliam no controle das irregularidades na menstruação e minimizam o risco de câncer no endométrio.
Infertilidade
Mudanças nos hábitos alimentares e exercícios físicos contribuem para combater a infertilidade, uma vez que são capazes de melhorar a resistência à insulina e regularizar a ovulação. Outra terapia possível é o uso de drogas que diminuem os níveis de insulina, como a metformina, que se mostra eficaz no restabelecimento da ovulação em cerca de 30% dos casos. Essa taxa aumenta significativamente com a associação de indutores de ovulação, quando comparada com uso isolado de uma única droga (metformina ou indutor de ovulação).
Outra opção para mulheres com SOP que pretendem engravidar é a relação sexual programada (RSP) ou coito programado. Essa é uma técnica de reprodução assistida muito simples, na qual a paciente utiliza medicamentos para estimular a ovulação e, dessa forma, determinar o melhor momento para ter relações sexuais.
Neste texto, buscamos esclarecer os principais pontos sobre os sintomas e possíveis tratamentos da SOP. Se você quiser saber ainda mais sobre o tema, acesse este texto e veja outras informações importantes sobre a síndrome.