Um dos primeiros eventos que resultam em uma gravidez é a fecundação. Por vias naturais, a união dos gametas masculino e feminino acontece nas tubas uterinas, quando o casal mantém relações sexuais durante o período fértil.
Após a fecundação, o embrião inicia asprimeiras clivagens – divisões celulares que originam todas as células do futuro bebê – e é conduzido pelo peristaltismo tubário ao útero, onde a nidação deve acontecer.
Por definição, a nidação é um conjunto de processos pelos quais o embrião encontra um local adequado no endométrio, tecido que reveste o interior da cavidade uterina, para fixar-se, dando início à gestação.
Para que a nidação aconteça tranquilamente, é necessário não somente que o preparo endometrial – processo mediado pelos estrogênios e progesterona em que o endométrio se torna espesso – aconteça adequadamente, mas também depende da integridade deste tecido e do útero como um todo.
Problemas na nidação, como observamos nos casos de falhas na implantação embrionária e de gestações ectópicas, levam à perda gestacional e podem acarretar danos mais severos, como infertilidade feminina.
Embora a nidação não seja um evento passível de controle pelas técnicas de reprodução assistida, alguns procedimentos,como a FIV (fertilização in vitro), podem potencializar aspectos que favorecem a nidação.
O texto a seguir mostra os detalhes sobre a nidação nos tratamentos com a FIV, indicados para diversas demandas reprodutivas.
Boa leitura!
Como é feita a fertilização in vitro?
Um dos pilares da FIV é a metodologia utilizada para a fecundação, que acontece em laboratório (in vitro) de forma altamente controlada, diferentemente do que se observa nas demais técnicas, RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial), que contam com a fecundação no interior do corpo da mulher.
Para que a fecundação seja reproduzida in vitro, é necessário coletar gametas masculinos e femininos, que são selecionados antes da fertilização.
A obtenção de espermatozoides pode ser feita com uma amostra de sêmen e por recuperação espermática, enquanto os óvulos devem ser coletados após o processo de estimulação ovariana e indução da ovulação antes da aspiração folicular, que coleta gametas femininos (óvulos).
Após a fecundação, os embriões obtidos passam pelo cultivo embrionário, quando se observa seu desenvolvimento morfológico. O objetivo do cultivo embrionário é selecionar, para a transferência, os embriões mais saudáveis e com maior chance de nidaçãobem–sucedida.
Ao final do cultivo embrionário, que dura de 3 a 5 dias, os embriões selecionados são transferidos para o útero, previamente preparado, em um procedimento simples, que deposita os embriões no interior da cavidade uterina por via transvaginal.
Espera-se então que a nidação aconteça, para que inicie a gestação.
Como acontece a nidação na FIV?
Assim como nas gestações por vias naturais e aquelas viabilizadas pelos demais tratamentos em reprodução assistida, a nidação na FIVtambém depende diretamente da qualidade do preparo endometrial, no momento da transferência embrionária.
Uma das vantagens da FIV reside justamente na possibilidade de congelamento dos embriões – o freeze-all –, para que a transferência embrionária ocorra em ciclos reprodutivos posteriores, em que o endométrio se mostre mais receptivo à nidação.
Além dessa possibilidade, a FIV ainda permite o hatching assistido, em que a nidação é facilitada pela realização de uma pequena incisão na zona pelúcida embrionária, que deve se romper totalmente para a fixação do embrião no endométrio.
Ainda assim, não é possível dizer que a FIV consegue controlar o processo de nidação, embora possa facilitá-lo – e após a transferência embrionária, espera-se que a nidação aconteça de forma semelhante ao que se observa na gestação por vias naturais.
Falhas na nidação e gestação ectópica
Alguns problemas envolvendo a nidação podem acontecer mesmo nos tratamentos com a FIV, justamente porque esta é uma etapa da gestação sobre a qual a técnica não possui muito controle.
As principais causas de falhas na implantação embrionária são as infecções e inflamações do endométrio (endometrites), problemas genéticos que interferem no reconhecimento do embrião pelo endométrio e malformações uterinas.
Outros problemas, como a gestação ectópica –quando a nidação ocorre no interior das tubas uterinas –, no entanto, são minimizados pela FIV, já que o tratamento dispensa a integridade das tubas e deposita os embriões diretamente no útero, onde a nidação deve ocorrer.
Quando a mulher já passou por uma ou mais gestações ectópicas e não pode contar com as tubas uterinas, a FIV é a única técnica que permite a gestação. Já nos casos de falhas na implantação, a FIV também oferece a possibilidade de cessão temporária de útero, em que outra mulher passa pela gestação dos embriões dos pais.
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