A gestação múltipla ou gemelar (ou trigemelar e assim por diante) é aquela em que a mulher carrega dois ou mais bebês em seu útero, ao mesmo tempo. É um evento especial, mas que também apresenta riscos e características específicas que demandam um acompanhamento pré-natal cuidadoso.
As gestações gemelares podem ser classificadas como monozigóticas (gêmeos idênticos) ou dizigóticas (gêmeos fraternos). O primeiro caso ocorre quando um único óvulo é fertilizado e se divide, dando origem a dois embriões que vão compartilhar a mesma placenta. Já a gravidez múltipla dizigótica se origina da fertilização de dois ou mais óvulos por espermatozoides diferentes e, geralmente, tem placentas separadas.
Neste artigo, você verá quais são os riscos da gestação múltipla e se há diferença no acompanhamento pré-natal. Acompanhe!
Quais são os riscos associados à gestação múltipla?
Em uma gravidez gemelar, existem condições que devem ser cuidadosamente avaliadas durante o pré-natal, pois há uma incidência maior de complicações obstétricas, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro e restrição do crescimento fetal.
A gestação múltipla apresenta riscos maiores, tanto para a mãe quanto para os bebês, em comparação com a gravidez de um único feto. Esses riscos incluem:
- diabetes gestacional — um tipo de diabetes que se desenvolve durante a gravidez e geralmente desaparece após o parto. Se não for bem monitorada, pode causar problemas como macrossomia (neonato com mais de 4kg), hipoglicemia neonatal (baixo nível de açúcar no sangue do bebê) e aumento do risco de a mãe desenvolver diabetes tipo 2 no futuro;
- pré-eclâmpsia — condição grave que se caracteriza por hipertensão arterial e alto índice de proteína na urina. Pode causar danos aos órgãos da mãe e do bebê e, em casos mais críticos, levar à eclampsia, colocando em risco a vida de ambos;
- anemia — é a deficiência de ferro no sangue, que pode causar fadiga, fraqueza e tontura. A anemia na gravidez aumenta o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer;
- parto prematuro — nascimento antes de 37 semanas de gestação. Bebês prematuros apresentam baixo peso ao nascer e podem, ainda, apresentar problemas respiratórios, maior suscetibilidade a infecções e até dificuldades de aprendizagem;
- hemorragia pós-parto— a gestação múltipla também eleva o risco de perda excessiva de sangue após o parto;
- cesariana — no nascimento de dois bebês, pode ser necessário realizar o parto por procedimento cirúrgico. A cesariana impõe mais riscos de complicações que o parto normal, como infecção, hemorragia e trombose;
- morte neonatal — a probabilidade de morte de pelo menos um dos bebês também é maior em gestações múltiplas.
Há diferenças no pré-natal?
O pré-natal de uma gestação múltipla é diferente do pré-natal de uma gestação única. Claro que ambas precisam ser devidamente monitoradas desde o início para um desenvolvimento saudável, no entanto, as gestantes de gêmeos precisam de um acompanhamento intensivo, com consultas médicas mais frequentes e exames complementares específicos.
As consultas médicas podem ser mais frequentes para que o médico possa monitorar o desenvolvimento dos bebês e identificar precocemente qualquer complicação. Nessas consultas, serão avaliados o crescimento e a saúde de cada bebê individualmente.
As gestantes de múltiplos podem receber orientações específicas sobre alimentação, repouso, atividades físicas e outros cuidados durante a gestação. A alimentação deve ser rica em nutrientes e vitaminas, para garantir o crescimento saudável dos bebês e prevenir problemas de saúde materna, como a anemia. O repouso é importante para evitar o parto prematuro e outras complicações. As atividades físicas devem ser moderadas e adaptadas às condições da gestante.
É importante, ainda, realizar exames de ultrassonografia com uma periodicidade maior para monitorar o desenvolvimento dos fetos com muita atenção. Outros exames específicos também podem ser solicitados, como o ecocardiograma fetal, que avalia a estrutura e a função do coração dos bebês.
Nas gestações múltiplas, as condições de saúde da mãe ou de um ou ambos os bebês determinam o momento do parto. Sendo assim, para reduzir o risco de complicações intraparto, é ideal que a gestante esteja sendo bem-acompanhada ao longo de todo o pré-natal.
Vale esclarecer que as gestações gemelares não são todas iguais. Apesar de apresentar mais riscos que uma gravidez de feto único, o desenvolvimento gestacional pode ser tranquilo e saudável, desde que a gestante passe por um acompanhamento médico cuidadoso.
É comum ter gestação gemelar devido aos tratamentos de reprodução assistida?
Há uma probabilidade de gestação múltipla em mulheres que se submetem a tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV). Isso ocorre porque, na FIV, geralmente são transferidos dois ou três embriões para o útero, dependendo da idade da mulher. Pode ser que nenhum deles faça a implantação no útero, assim como é possível que todos se implantem.
No entanto, o risco de gestação múltipla na FIV era maior antigamente. Hoje, com os avanços das técnicas de reprodução assistida — incluindo o uso de incubadora de alta tecnologia, o cultivo embrionário prolongado, a melhora no processo de seleção de embriões e o teste genético pré-implantacional (PGT) — é possível, inclusive, fazer a transferência de um único embrião com potencial de implantação, evitando a gravidez gemelar.
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