A infertilidade pode trazer desafios à vida de muitos casais. Além dos aspectos médicos envolvidos, há uma grande carga emocional associada ao diagnóstico e ao tratamento. Nesse cenário, a psicoterapia é uma ferramenta importante para o acompanhamento integral do casal.
A concepção é vista como um processo natural da vida. Quando o casal descobre que é infértil, sentimentos negativos podem se manifestar, tornando o caminho ainda mais delicado. O apoio psicológico pode auxiliar os indivíduos e casais a lidarem com esses conflitos emocionais que surgem.
A psicoterapia é um processo que aborda questões emocionais, comportamentais e cognitivas. Os objetivos terapêuticos incluem levar a pessoa a desenvolver estratégias para lidar com as dificuldades de forma mais eficaz, minimizando sentimentos que causam desconforto psíquico e atitudes disfuncionais.
O acompanhamento psicoterápico pode ser individual, de casal/família e grupal. Há diferentes abordagens dentro da psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a comportamental (behaviorista), a psicanálise, a existencial humanista, entre outras. Essas abordagens seguem linhas teóricas distintas, mas todas têm o objetivo comum de conduzir os pacientes ao bem-estar psicológico.
Para os casais que enfrentam dificuldades para engravidar, a psicoterapia pode ter um importante papel ao longo da jornada de tentativas. Continue a ler o post e entenda!
A infertilidade e seus desafios para o casal
A infertilidade é definida como a incapacidade de um casal engravidar após 12 meses de relações sexuais regulares sem o uso de métodos contraceptivos. Para mulheres com idade superior a 35 anos, o prazo de tentativas a ser considerado cai para 6 meses. Depois disso, recomenda-se a avaliação médica.
Quando o casal percebe sua dificuldade e busca ajuda de um especialista, inicia-se um período de exames, tratamentos e, no meio disso, incertezas. Entre os principais desafios emocionais vivenciados pelos casais inférteis, destacam-se:
- frustrações sucessivas — a expectativa de um teste positivo a cada ciclo é transformada em desânimo e frustração quando o resultado não é o esperado;
- pressão social e familiar — cobranças sobre quando o casal terá filhos podem ser dolorosas, especialmente para aqueles que já estão tentando;
- impactos na autoestima — as mulheres, especialmente, podem ter baixa autoestima, visto que o papel da maternidade tem um peso significativo na identidade feminina em determinada altura da vida. Com os homens esse impacto vem diante da confirmação de que o fator de infertilidade é masculino;
- dificuldades no relacionamento — o estresse emocional pode afetar a intimidade e a comunicação do casal;
- sentimentos negativos — culpa, tristeza, raiva, insegurança, ansiedade e sintomas depressivos são comumente experimentados por quem enfrenta a infertilidade.
Todos esses fatores aumentam a vulnerabilidade, tornando o acompanhamento psicológico um recurso necessário. Além disso, o estresse e a ansiedade podem afetar o equilíbrio hormonal, dificultando ainda mais a concepção.
As possibilidades da reprodução assistida
Para os casais que não conseguem engravidar naturalmente, a reprodução assistida é uma alternativa viável. Com o avanço das técnicas médicas, há diversas opções de tratamento para ajudar aqueles que desejam ter filhos. Entre as principais, estão:
- fertilização in vitro (FIV) — técnica em que os óvulos e espermatozoides são coletados e a fecundação ocorre em laboratório. Depois, os embriões formados são transferidos para o útero;
- inseminação artificial — procedimento no qual o sêmen é coletado, a amostra seminal é processada e os espermatozoides de boa qualidade são introduzidos no útero durante o período ovulatório;
- relação sexual programada — a fase pré-ovulatória é monitorada com exames hormonais e ultrassons. Se preciso, utiliza-se medicação para indução da ovulação. Prevendo o dia em que a mulher poderá ovular, o casal é orientado a programar suas relações sexuais para o período fértil, que começa até 3 dias antes da liberação do óvulo.
Há várias outras técnicas que podem complementar os tratamentos de reprodução assistida, sobretudo a FIV, de acordo com as necessidades de cada pessoa, por exemplo: ovodoação, barriga solidária, doação de sêmen, teste genético pré-implantacional (PGT) etc.
Embora as técnicas de reprodução humana aumentem as chances de gravidez, o processo pode ser desgastante. A expectativa em relação aos resultados, os custos envolvidos e a possibilidade de insucessos ao longo do caminho são fatores que acrescentam um peso emocional a essa jornada.
A importância da psicoterapia nesse processo
O casal infértil pode passar por um longo e cansativo percurso até ter seu filho nos braços. O processo inclui a realização de vários exames, a constatação do diagnóstico e a decisão de fazer ou não um tratamento de reprodução assistida, que ainda é visto de forma equivocada por muitas pessoas.
A psicoterapia tem um papel importante no apoio aos casais que enfrentam a infertilidade e estão passando por tratamentos de reprodução assistida. O suporte psicológico pode proporcionar benefícios como:
- gerenciamento do estresse e da ansiedade;
- resolução de conflitos e fortalecimento do relacionamento conjugal;
- desenvolvimento de tolerância à frustração e resiliência diante de tentativas sem sucesso;
- melhora na adesão ao tratamento;
- preparação para as mudanças na dinâmica familiar e os desafios da maternidade/paternidade;
- elaboração do luto, em casos de abortamento espontâneo.
A psicoterapia pode ser realizada de forma individual, em casal ou em grupos. O psicólogo ajuda a compreender os sentimentos envolvidos, ressignificar papéis, trabalhar crenças e medos disfuncionais e desenvolver um plano de enfrentamento com métodos de resolução de conflitos.
Algumas clínicas oferecem grupos de apoio, nos quais os pacientes podem compartilhar experiências e encontrar conforto ao saber que não estão sozinhos nessa jornada e que outras pessoas lidam com as mesmas dores, inseguranças e sonhos.
Na psicoterapia, o casal encontra um espaço seguro para falar sobre seus medos, desejos, expectativas com a chegada do bebê, incertezas quanto aos resultados do tratamento e muitas outras questões que estejam causando desconforto psicológico.
O importante é que os pacientes se sintam acolhidos na psicoterapia e saibam que há suporte disponível para atravessar esse momento desafiador com mais tranquilidade. Assim, também poderão aprimorar seus recursos psicológicos, emocionais e sociais para lidar com novos desafios que venham a surgir, antes, durante e depois da gravidez.
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