A psicologia é a ciência que se dedica a compreender os processos da mente e do comportamento humano a fim de auxiliar as pessoas a lidarem com suas questões emocionais e desenvolverem formas mais adaptativas de pensar e agir. Assim, os psicólogos estão cada vez mais presentes em diversas áreas, e na reprodução assistida não poderia ser diferente.
A jornada de tentativas de gravidez pode ser um caminho cheio de desafios, envolvendo dúvidas, expectativas e frustrações. Nesse cenário, é importante trabalhar os aspectos psicológicos para controlar a ansiedade, reestruturar os pensamentos e desenvolver resiliência.
A infertilidade é uma condição que impede a concepção natural, gerando impactos significativos na vida de pessoas que sonham em ter filhos. A reprodução assistida surge como uma luz no fim do túnel, pois oferece tratamentos eficazes para superar diversos fatores que afetam os casais inférteis.
No entanto, os tratamentos de reprodução assistida não se resumem a procedimentos médicos e tecnologia. Passar por isso, envolve emoções, aspectos sociais, éticos, legais e outros. Oferecer suporte e orientação psicológica para que mulheres e casais vivenciem esse processo com mais leveza também é uma preocupação da equipe assistente.
Continue a ler este artigo e entenda qual é o papel do psicólogo na reprodução assistida!
Como são os tratamentos de reprodução assistida?
A reprodução assistida abrange uma variedade de técnicas para auxiliar na concepção quando a gravidez não ocorre naturalmente. Antes de receber qualquer indicação, o casal passa por avaliação clínica e realiza vários exames, então, com base nas causas de infertilidade, o tratamento é definido de maneira individualizada.
As técnicas de reprodução assistida incluem:
- relação sexual programada;
- inseminação artificial;
- fertilização in vitro (FIV).
Cada técnica tem suas particularidades, indicações e taxas de sucesso. Além disso, o casal pode precisar de recursos complementares, como:
- ovodoação e recepção de óvulos;
- doação de sêmen;
- cessão temporária de útero (barriga de aluguel);
- congelamento de óvulos;
- teste genético pré-implantacional (PGT);
- entre outros.
A busca por um tratamento de reprodução assistida pode ser uma experiência emocionalmente intensa, despertando uma série de sentimentos nos pacientes. A ansiedade, a insegurança e outras emoções podem surgir durante essa jornada.
A incerteza sobre o sucesso do tratamento, as expectativas em relação à gravidez, o medo de falhas e a pressão social podem resultar em uma sobrecarga de emoções e afetar o bem-estar do casal. Portanto, os pacientes precisam ter acesso ao suporte psicológico para lidar com os desafios e enfrentar tudo isso de forma menos desgastante.
Qual é a importância do psicólogo nesse processo?
O acompanhamento com psicólogo durante o tratamento de reprodução assistida é um fator facilitador durante o processo — e necessário para o bem-estar mental dos envolvidos. Entre os benefícios desse suporte, estão:
Aprimoramento do repertório para lidar com as emoções
Ansiedade, medo, tristeza, raiva, frustração e culpa são emoções que podem surgir. O psicólogo ajuda a reconhecer, compreender e encontrar formas adaptativas para gerir esses sentimentos.
Melhora da comunicação
Em meio às tensões intra e interpessoais, a comunicação do casal pode ser afetada. O profissional promove o diálogo, a escuta ativa e a expressão dos sentimentos, auxiliando no fortalecimento da relação conjugal.
Desenvolvimento de estratégias de enfrentamento
O acompanhamento psicológico é essencial para o aprendizado de técnicas que ajudam a lidar com o estresse e a ansiedade, que podem se intensificar durante o tratamento de reprodução, como os treinos de respiração e relaxamento progressivo.
Orientação para tomada de decisões
O psicólogo ajuda o casal a avaliar as opções de tratamento, os riscos e benefícios, e a tomar decisões conscientes e alinhadas com suas expectativas, mas também cientes das possibilidades reais.
Preparação para a gravidez e a parentalidade
Ainda que se trate da realização de um sonho, a gestação e a chegada do bebê envolvem mudanças significativas na vida, assim como eventuais dificuldades. O suporte psicológico nessa fase de preparo também é importante para conscientizar o casal sobre os possíveis desafios que poderão enfrentar no processo de adaptação.
Superação de perdas e elaboração do luto
Diante de falhas no tratamento ou em situação de aborto espontâneo, o psicólogo oferece suporte para lidar com o luto e a dor, ajudando na superação e reconstrução emocional. Nessas situações, é importante trabalhar a aceitação e a resiliência.
Orientação em situações específicas
Já vimos que a infertilidade e os tratamentos de reprodução assistida têm seus aspectos emocionais envolvidos, mas há situações que tornam o processo talvez mais delicado, como a necessidade de ovodoação e a participação de uma cedente temporária de útero.
No tratamento com óvulos doados, o psicólogo pode auxiliar a mulher a compreender os sentimentos ambíguos que possam surgir em relação a gerar um filho que não carrega sua carga genética. Já na cessão temporária de útero: a cedente precisa lidar com as implicações emocionais de gestar um bebê que não ficará com ela; os futuros pais precisam manejar a expectativa de construir o vínculo com seu filho, que está sendo gestado por outra mulher.
Nas diversas situações que podem ser vivenciadas no contexto da reprodução assistida, o psicólogo atua como um facilitador, promovendo o diálogo, a compreensão e o bem-estar emocional de todos os envolvidos.
Agora, confira nosso texto sobre fertilização in vitro (FIV) para conhecer melhor a técnica e suas etapas!