Durante a fase reprodutiva feminina diferentes patologias podem afetar o útero, dificultando a fecundação ou o desenvolvimento da gravidez. Os miomas uterinos estão entre as mais comuns, assim como endometriose e pólipos endometriais, por exemplo.
Embora sejam tumores benignos, eles tendem a alterar a anatomia do órgão de acordo com o local em que crescem, ao mesmo tempo que provocam outros sintomas que aumentam as chances de infertilidade, além de interferir negativamente na qualidade de vida das mulheres portadoras.
Existem diferentes tipos de miomas, tanto em relação a sua localização quanto ao tamanho. O volume dos miomas varia desde poucos milímetros a grandes dimensões, semelhantes às de um melão, por exemplo.
A classificação do tipo de mioma, os sintomas manifestados e sua dimensão estão relacionados ao local de crescimento.
Para saber mais continue a ler este texto, que aborda os diferentes tipos de miomas, os fatores que motivam o crescimento, os métodos para diagnosticá-los e tratamentos, incluindo as técnicas de reprodução assistida.
Entenda melhor o que são miomas uterinos
Miomas uterinos são tumores benignos que se desenvolvem a partir das células lisas do miométrio, camada intermediária do útero: uma única célula se multiplica originando-os. Diferentes fatores podem estimular esse crescimento, entre eles a ação de hormônios femininos, em especial o estrogênio.
Genética e diferença racial também interferem. Mulheres que possuem parentes de primeiro grau com a doença e as negras têm maior propensão para desenvolvê-los. O risco para o desenvolvimento de miomas é maior para as que menstruam mais cedo e para as obesas, além de ser magnificado em mulheres com consumo excessivo de álcool, de cafeína e de alimentos como carne vermelha.
Os miomas são classificados em três tipos, de acordo com o local de crescimento.
- Miomas submucosos: crescem no interior da cavidade uterina, próximo ao endométrio e, por isso, podem dificultar a implantação do embrião, levando a falhas e ao abortamento. Também são associados a complicações na gravidez, como por exemplo descolamento da placenta, parto prematuro e hemorragia pós-parto.
- Miomas intramurais: os miomas intramurais crescem no miométrio em tamanhos que variam de poucos milímetros a vários centímetros, como uma laranja, por exemplo. Quando são maiores também podem interferir na implantação e na gravidez.
- Miomas subserosos: crescem na parte externa do útero e como possuem mais possibilidade de crescimento podem atingir dimensões gigantes, como as de um melão, embora não provoquem nenhum tipo de alteração na fertilidade.
A prevalência de miomas durante a fase fértil feminina varia de 5,4% a 77% e algumas mulheres, principalmente as que apresentam maior propensão, podem desenvolver múltiplos miomas.
Os percentuais aumentam progressivamente com o envelhecimento, da mesma forma que tendem a diminuir após a menopausa, uma vez que os miomas estão entre as patologias dependentes de estrogênio e por isso, inclusive, geralmente regridem após a última menstruação, quando os níveis do hormônio naturalmente diminuem.
De acordo com estudos científicos, os miomas uterinos aumentam o risco de infertilidade como consequência de diferentes elementos:
- Podem provocar alteração no contorno endometrial, interferindo na implantação;
- Aumentam o risco de deformações na anatomia do útero, interferindo no transporte e acesso dos espermatozoides à tubas uterinas, além de dificultarem o desenvolvimento da gravidez;
- Podem causar alteração da contratilidade uterina, prejudicando a movimentação normal do esperma;
- Podem causar distorção ou obstrução do óstio tubário (pequenas aberturas na parede do útero onde se conectam as tubas uterinas) dificultando a fecundação;
- Podem causar anormalidades na vascularização uterina, resultando em falhas na implantação do embrião.
Quais são os sintomas de miomas uterinos?
O local de crescimento também interfere nos sintomas manifestados pelos miomas. Os relacionados aos miomas submucosos, por exemplo, são de maior severidade e impactam a qualidade de vida das mulheres portadoras, como sangramento abundante com cólicas severas entre os períodos menstruais e dor durante as relações sexuais.
Os sintomas de miomas intramurais, por outro lado, surgem quando ele atinge tamanhos maiores, o principal é o sangramento menstrual intenso, com aumento de duração e quantidade de fluxo, além de dor pélvica e durante o sexo.
Já os subserosos são assintomáticos na maioria dos casos. Quando crescem muito no entanto, causam a compressão de órgãos como a bexiga e o intestino levando à vontade frequente de urinar e constipação e, ao mesmo tempo, inchaço da região abdominal.
Como os miomas são diagnosticados e tratados?
Diferentes exames de imagem possibilitam confirmar a localização e determinar o tamanho dos miomas, critérios importantes, que definem a abordagem terapêutica mais adequada.
- Ultrassonografia transvaginal: identifica os miomas localizados no útero;
- Histerossonografia: uma variação da ultrassonografia realizada com soro fisiológico para expandir a cavidade uterina proporcionando uma melhor visualização. Detecta miomas submucosos e do endométrio;
- Ressonância magnética (RM): avalia mais detalhadamente a cavidade uterina possibilitando, assim, a identificação de todos os tipos de miomas, inclusive os múltiplos;
- Histerossalpingografia: é um exame de raio-X, indicado se houver suspeita de infertilidade. Utiliza contraste para realçar útero e tubas uterinas, revelando a presença de miomas que podem obstruir as tubas;
- Vídeo-histeroscopia diagnóstica: possibilita uma avaliação bastante detalhada da cavidade uterina para detecção de miomas submucosos, que representam maior risco para a fertilidade.
- Os resultados diagnósticos orientam o tratamento mais adequado para cada paciente. Quando os miomas são pequenos e não provocam sintomas, entretanto, a indicação geralmente é de que sejam apenas observados periodicamente.
Se provocarem sintomas severos, por outro lado, impactando a qualidade de vidas das mulheres, ou alterações na fertilidade naquelas com desejo de gravidez, a remoção cirúrgica deve ser considerada.
Para facilitar a abordagem cirúrgica dos miomas, quando o útero será preservado, medicamentos hormonais podem ser associados para redução do seu volume previamente à intervenção cirúrgica.
O procedimento é conhecido como miomectomia e é realizado por diferentes técnicas minimamente invasivas, incluindo a vídeo-histeroscopia ou a videolaparoscopia. Após remoção é possível obter a gravidez na maioria dos casos.
Tratamento por técnicas de reprodução assistida
Quando a gravidez não ocorre após a remoção dos miomas ainda é possível obtê-la a partir do tratamento por FIV (fertilização in vitro), técnica que promove a fecundação de óvulos e espermatozoides em laboratório e a transferência dos embriões formados para o útero.
Além disso, diferentes técnicas complementares ao procedimento permitem contornar problemas como as alterações provocadas na receptividade endometrial, por exemplo, ao mesmo tempo que os percentuais de gravidez proporcionados pela FIV são bastante altos.
Leia o nosso conteúdo institucional para saber mais sobre miomas uterinos e como eles podem interferir na fertilidade feminina.