A formação de um embrião envolve a união do espermatozoide (gameta sexual masculino) com o óvulo (gameta sexual feminino). Um embrião saudável apresenta 46 cromossomos, que são estruturas que contêm DNA, o material genético humano. Cada gameta carrega 23 cromossomos, metade do material genético dos pais. Assim, após a fusão das células sexuais, o embrião conta com parte do material genético da mãe e do pai.
O DNA é o manual de instruções do organismo. As informações contidas no DNA determinarão a função e a estrutura das células que formarão os órgãos e tecidos fundamentais para a nossa sobrevivência.
Quando o DNA é danificado, ele pode sofrer alterações. Portanto, a fragmentação do DNA espermático significa que uma parte do manual de instruções não estará com as suas informações claras. Isso pode levar a problemas, como a geração de um embrião inviável ou com malformações. Por isso, um dos exames que podem ser realizados na reprodução assistida é a avaliação da fragmentação do DNA espermático. Quer saber mais sobre esse tema? Acompanhe até o final!
Como os espermatozoides são produzidos?
Os espermatozoides são produzidos nos testículos, que são um par de estruturas localizadas dentro do saco escrotal do homem. A partir da adolescência, sob estímulo de níveis mais elevados de testosterona e de outros hormônios sexuais, o corpo masculino começa a produzir espermatozoides.
As células que originam os gametas sexuais são chamadas de células germinativas. As células germinativas do homem apresentam 46 cromossomos. Cada uma delas se divide para formar outras duas células sexuais primitivas, também com 46 cromossomos:
- Espermatogônia tipo A, que se dividem para formar novas espermatogônias;
- Espermatogônia tipo B, que amadurece para formar células capazes de se transformar em espermatozoides.
A espermatogônia B, então, se diferencia para espermatócito primário. Essa célula apresenta 46 cromossomos, mas é mais especializada do que a espermatogônia B. O espermatócito primário passa por um processo de divisão celular chamado de meiose. Na primeira fase da meiose, o número de cromossomos cai pela metade.
Assim, cada espermatócito primário forma dois espermatócitos secundários com 23 cromossomos. Na segunda fase da meiose, cada espermatócito secundário se divide para formar duas espermátides.
As espermátides são os espermatozoides primitivos, sendo células arredondadas muito diferentes da aparência de um gameta masculino. Elas precisam passar por um processo de amadurecimento chamado de espermiogênese para adquirir a aparência de um espermatozoide com cabeça, peça intermediária e cauda.
O que é fragmentação do DNA?
O DNA é uma molécula em forma de fita. Cada cromossomo tem duas fitas contínuas de DNA. A fragmentação do DNA espermático faz com que essas fitas tenham “buracos”, o que compromete as informações armazenadas pelo DNA.
O teste de fragmentação do DNA espermático avalia a presença de danos nas fitas de DNA e a presença de fragmentos de DNA no sêmen. Quanto maior a concentração de DNA fragmentado, maiores são as chances de os espermatozoides terem sofrido danos. Os estudos mostram que a fragmentação do DNA é um marcador de infertilidade masculina, estando relacionada a maiores taxas de abortos de repetição.
A produção dos espermatozoides exige várias divisões celulares e condições específicas, como:
- Presença de hormônios masculinos;
- Temperatura ligeiramente inferior à do corpo. Por isso, os testículos ficam localizados externamente dentro do escroto;
- Drenagem venosa eficiente para manutenção da temperatura e para eliminar substâncias tóxicas aos espermatozoides.
Quando esses processos são comprometidos, o DNA fica mais exposto a danos. Isso pode acontecer devido a:
- Idade: com o envelhecimento, a qualidade das células precursoras dos espermatozoides diminui, deixando-as mais propensas a danos celulares;
- Infecções, doenças inflamatórias e autoimunes: a presença de inflamação e de anticorpos contra as células sexuais compromete o processo de divisão celular. A obesidade também pode provocar um estado inflamatório de baixo grau em todo o corpo, o que pode aumentar a fragmentação espermática;
- Varicocele: a dilatação do sistema de drenagem venosa dos testículos compromete a circulação local. Isso faz com que o tecido apresente uma temperatura maior do que a ideal para a espermatogênese e acumule substâncias tóxicas para o seu DNA;
- Hipogonadismo: a redução dos níveis de hormônios masculinos compromete a eficiência da divisão celular espermática;
- Substância tóxicas: o tabagismo e o consumo exagerado de álcool também podem favorecer a fragmentação do DNA espermático;
- Radiação: a exposição prolongada ou intensa à radiação pode causar danos no DNA das espermatogônias. Isso ocorre, por exemplo, em pacientes que realizam radioterapia em regiões próximas aos testículos.
A análise da fragmentação do DNA espermático é um teste de função espermática realizado para avaliar a fertilidade masculina e para selecionar as melhores amostras de sêmen para a fertilização in vitro (FIV).
Ela estima a proporção de espermatozoides com fragmentação de DNA a partir de técnicas avançadas de biologia molecular e celular, como o teste de dispersão da cromatina espermática (SCD) ou a marcação terminal de deoxinucleotidil transferase dUTP nick end labeling (TUNEL).
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