Quando uma pessoa ou um casal recebe indicação para o tratamento da infertilidade por reprodução medicamente assistida, conhecer em detalhes a técnica que foi indicada para o seu caso pode ajudar a se sentir mais calmo e em relação às etapas de cada procedimento ou mesmo mais seguro sobre a técnica como um todo.
Neste texto abordaremos o assunto dos embriões excedentes em técnicas de reprodução assistida e as regras que pautam sua utilização.
Das células reprodutivas ao embrião: conheça os eventos mais importantes
Os gametas são as células sexuais humanas, os óvulos das mulheres e os espermatozoidesdos homens, essenciais para a função reprodutiva.
Na mulher, todos os gametas se formam antes mesmo do nascimento, ou seja, ao nascer já conta com os disponíveis para toda a vida, quantidade que diminui na puberdade e, posteriormente, a cada ciclo reprodutivo durante a fase fértil. A reserva ovariana, como é chamado este estoque, acaba com a menopausa.
Diferente do que acontece no organismo masculino, em que os espermatozoides são produzidos a cada ejaculação durante praticamente toda a vida do homem após a puberdade.
Ainda assim, ambos só podem ter filhos após a puberdade. Nessa etapa, a secreção das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo–estimulante) e LH (hormônio luteinizante) muda de padrão e a ação destes sobre os ovários desencadeia a produção dos principais hormônios sexuais – o estrogênio e a progesterona.
O estrogênio é produzido pelas células foliculares pela ação do FSH e a testosterona pela ação do LH, antes da ovulação, que acontece quando esses três hormônios atingem seus picos máximos de concentração.
O FSH promove também o recrutamento e, junto com os estrogênios, o amadurecimento dos folículos ovarianos, dos quais apenas um conclui esse processo, tornando-se o folículo dominante, que se rompe e libera o óvulo na ovulação.
A progesterona é produzida principalmente pelo corpo lúteo, sob estímulo do LH, após a ovulação. Enquanto os estrogênios atuam também no endométrio, estimulando a multiplicação celular desse tecido antes da ovulação, a progesterona finaliza o preparo para receber o embrião.
Quando ocorre a fecundação, o zigoto entra em processo de divisão celular formando o embrião propriamente dito, que é conduzido até o útero para a implantar no endométrio e iniciar agestação. O corpo–lúteo continua produzindo progesterona até o 3º mês, quando a placenta assume essa função.
Caso não ocorra a fecundação do óvulo, o corpo lúteo para de produzir progesterona e se degenera. A queda nas concentrações dos estrogênios e progesterona faz com que o endométrio sofra uma descamação, ocorrendo a menstruação.
Essa queda nas taxas dos hormônios sexuais leva a hipófise a secretar novamente asgonadotrofinas, recomeçando um novo ciclo reprodutivo.
Fecundação e gestação
Para penetrar no óvulo, o espermatozoide tem que penetrar a chamada zona pelúcida,membrana que o circunda. Depois que isso acontece, essa membrana impede a penetração de outros espermatozoides
Cada gameta, masculino e feminino, contém metade da informação genética do novo embrião. Quando o espermatozoide penetra o óvulo, libera seu pronúcleo, que se funde ao pronúcleo do óvulo formando o zigoto.
O zigoto é a célula primordial do ser humano, que entra em processo de clivagens, divisões celulares, para formar o embrião. Durante esse processo o embrião é conduzido ao útero pelos movimentos peristálticos das tubas uterinas, e precisa realizar a implantação embrionária.
Esse evento consiste na fixação do embrião no endométrio, camada internado útero, que rompe a zona pelúcida embrionária e infiltrando-se, o que dá início à gestação.
Como isso acontece na fertilização in vitro?
No caso da FIV (fertilização in vitro), osprocessos são semelhantes, porém ocorrem de forma controlada por medicação hormonal, nas primeiras etapas, ou com procedimentos médicos, nas etapas finais.
A FIV ocorre em 5 etapas:
Estimulação ovariana
Na fase de estimulação ovariana,medicamentos hormonais têm por objetivoestimular todo o processo de recrutamento, desenvolvimento e amadurecimento folicular, possibilitando a obtenção de mais óvulosmaduros para a fecundação.
Um controle por ultrassonografia transvaginal é realizado para monitorar todo processo de desenvolvimento folicular, indicando o momento ideal para a coleta dos folículos maduros.
Punção folicular e preparo seminal
Os folículos maduros são coletados por punção folicular, um procedimento seguro, em queuma fina agulha, acoplada ao transdutor transvaginal, é introduzida via vaginal até os ovários e realizada a aspiração do líquido folicular que contém os óvulos.
Normalmente, no mesmo dia em que ocorre a coleta dos gametas femininos, o homem também realiza a coleta do sêmen, que pode ser feita por masturbação ou por recuperação espermática por meio de punção testicular ou de epidídimo em alguns casos específicos. O sêmen é então submetido ao preparo seminal, que seleciona os espermatozoides mais aptos para a fecundação.
Fecundação
Na FIV, a fecundação ocorre em ambiente laboratorial , normalmente por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), embora a forma tradicional também possa ser utilizada.
Na ICSI, um único espermatozoide é selecionado e injetado no meio intracelular do óvulo, enquanto na forma tradicional, as células reprodutivas masculinas e femininas são colocadas juntas no mesmo recipiente, em meios de cultura adequados.
Cultivo embrionário
O cultivo embrionário é a fase em que se observa o desenvolvimento dos embriões, possibilitando a seleção dos mais saudáveispara serem transferidos ao útero. Nessa fase, que dura de 2 a 6 dias, pode ser realizadoquando necessário o PGT (teste genético pré-implantacional), para rastrear possíveis doenças genéticas, hereditárias ou não, no embrião.
Transferência embrionária
Após a fase de cultivo embrionário os embriões já podem ser transferidos para o útero da mulher, num procedimento simples, sem necessidade de anestesia. Com auxílio de um cateter são depositados no interior da cavidade uterina.
Caso o endométrio não esteja adequadamente preparado, os embriões também podem ser criopreservados para serem transferidos em outros ciclos.
Quais são as regras para a transferência embrionária na FIV?
Existe um número específico de embriões que podem ser transferidos de uma só vez na FIV, determinado pelo Conselho Federal de Medicina(CFM), órgão responsável por regular a reprodução assistida como um todo no Brasil.
De acordo com a resolução mais recente, de maio deste ano, podem ser transferidos:
Para saber mais sobre a FIV toque no link.