(Os exames são realizados por laboratório de parceiros)

Casais homoafetivos e a reprodução assistida

A sociedade está passando por muitas mudanças nas últimas décadas. As conquistas sociais das mulheres e dos grupos chamados minorias causaram um impacto que tem provocado grandes transformações.

Nesse contexto, o Conselho Federal de Medicina reconheceu, em 2013, na Resolução n. 2013/2013, o direito de casais homoafetivos terem filhos com o auxílio de técnicas de reprodução assistida, considerando que o Supremo Tribunal Federal reconheceu e qualificou como entidade familiar a união estável homoafetiva em 2011.

Essa orientação foi preservada nas resoluções posteriores, inclusive na atual, de 2017 (Resolução CFM n. 2168/2017).

Assim diz a resolução:

  • É permitido o uso das técnicas de RA para relacionamentos homoafetivos e pessoas solteiras, respeitado o direito a objeção de consciência por parte do médico.

A “objeção de consciência” significa que o médico não é obrigado a realizar a técnica, mas pode executá-la, caso desejar e concordar com o procedimento.

Essas regras valem para casais homoafetivos masculinos e femininos e há diferenças na aplicação das técnicas para cada um deles.

Além disso, a resolução determina algumas regras que devem ser aplicadas a todas as técnicas de reprodução assistida:

  • A doação de gametas (óvulos e espermatozoides) e embriões não poderá ter caráter lucrativo ou comercial;
  • Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa;
  • A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos para a mulher e de 50 anos para o homem;
  • Deve ser mantido, obrigatoriamente, sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores.

Neste texto, vamos apresentar as diferenças dos tratamentos para casais homoafetivos masculinos e femininos.

Casais homoafetivos masculinos

Quando um casal homoafetivo decide ter um filho, deve procurar uma clínica de reprodução assistida. Estudamos o caso individualmente e explicamos todas as possibilidades e necessidades para que o procedimento tenha o resultado desejado.

Os casais homoafetivos masculinos têm mais dificuldades em técnicas de reprodução assistida do que os casais femininos para conseguir ter um filho. Eles têm apenas os espermatozoides. Portanto, precisam de óvulos e de um útero, diferentemente dos casais femininos, que só precisam de espermatozoides.

De qualquer forma, o tratamento é feito por meio da fertilização in vitro (FIV), em que tanto a fecundação como os primeiros dias do desenvolvimento embrionário são feitos em laboratório. Porém, antes do início do tratamento, o casal precisa encontrar uma mulher que esteja disposta e atenda às regras estabelecidas pela resolução do CFM:

  • A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe/filha; segundo grau – avó/irmã; terceiro grau – tia/sobrinha; quarto grau – prima). Os demais casos estão sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina.

Dessa forma, se não houver alguém que possa ceder o útero, não será possível realizar o procedimento. Caso haja alguém que aceite ser a gestante, tem início a técnica em si pela avaliação de todos os envolvidos.

A primeira etapa é avaliar o casal homoafetivo e decidir qual dos dois parceiros utilizará os espermatozoides para a fecundação. Pode acontecer, embora seja raro, de um deles ou mesmo os dois serem inférteis. Nesse caso, é feito um tratamento adicional ou utiliza-se sêmen doado.

A cedente também passa por uma avaliação rigorosa, tanto física quanto psicológica, para verificar se tem condições de conduzir a gestação até o termo sem fatores de risco para complicações.

Se a mulher estiver apta a passar pelo tratamento, preparamos seu útero para receber os embriões em paralelo à FIV.

Nesse momento, tem início o processo de FIV. O parceiro que cederá os espermatozoides vai ao laboratório para fazer a coleta dos gametas. Ele é encaminhado para uma sala específica para tal fim e faz a coleta por masturbação. O órgão genital e as mãos devem estar bem higienizadas para evitar contaminações.

Com os espermatozoides preparados em laboratório e os óvulos doados, fazemos a fecundação por meio da injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), em que cada espermatozoide é injetado em cada óvulo para aumentar a chance de fecundação.

Os embriões formados são cultivados em laboratório por 3 a 5 dias, período em que o embriologista faz o acompanhamento necessário. É nesse momento que podemos fazer a análise genética dos embriões, se solicitada pelos receptores

Ao final desse período, geralmente de 5 dias, os embriões estão prontos para serem transferidos ao útero da cedente. O número de embriões transferidos, como acontece normalmente na FIV, também deve respeitar a resolução do CFM:

  • Quanto ao número de embriões a serem transferidos, são feitas as seguintes determinações, de acordo com a idade: a) mulheres até 35 anos, até 2 embriões; b) mulheres entre 36 e 39 anos, até 3 embriões; c) mulheres com 40 anos ou mais, até 4 embriões.

É importante destacar que a idade considerada é a da mãe, dona do material biológico, não a da cedente do útero.

Após 10 a 12 dias, é feito o teste de gravidez para confirmar se o embrião se fixou no endométrio.

A técnica não se encerra nessa etapa. Tanto o casal como a cedente são acompanhados durante toda a gestação para que quaisquer problemas sejam minimizados e a gestação evolua até o termo. Isso é fundamental para o sucesso da técnica.

A última etapa é, de fato, o parto.

Casais homoafetivos femininos

No caso de união homoafetiva feminina, a reprodução assistida é mais fácil. O casal tem os óvulos e o útero, sendo necessários apenas os espermatozoides.

Além disso, existe uma condição especial prevista na resolução do CFM para os casais femininos:

  • É permitida a gestação compartilhada em união homoafetiva feminina em que não exista infertilidade. Considera-se gestação compartilhada a situação em que o embrião obtido a partir da fecundação do(s) oócito(s) de uma mulher é transferido para o útero de sua parceira.

Portanto, de modo geral, o casal opta por uma das parceiras fornecer os óvulos e a outra gestar.

Dessa forma, é necessário que o casal passe pela FIV. Fazemos o preparo do útero da mulher receptora dos embriões e realizamos a fecundação dos óvulos com os espermatozoides doados em laboratório por meio da ICSI. Os embriões formados são cultivados em laboratório até seu desenvolvimento adequado para posterior transferência para o útero da parceira, prevalecendo a regra do número de embriões, segundo o CFM.

O casal é acompanhado por toda a gestação até o parto, quando se encerra a reprodução assistida.

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Congelamento de Óvulos

Opção para mulheres que não queiram engravidar agora e querem preservar sua fertilidade ou para mulheres que possuem alguma condição médica que possa afetar sua fertilidade futuramente.

Consulta com especialista

  •  Realização de diversos exames para avaliar a resposta que a mulher terá ao estímulo ovariano para a coleta dos óvulos.

Estimulação ovariana e indução da ovulação

  • É feita uma combinação de medicamentos hormonais que ajudam a estimular o crescimento dos folículos que contêm os óvulos nos ovários.

Punção folicular

  • Retirada do líquido contido nos folículos, no qual ficam os óvulos.
  • Feito com o auxílio de uma agulha e de forma indolor, pois a paciente é anestesiada;

Identificação e seleção dos óvulos

  • No laboratório de embriologia são identificados e selecionados os óvulos maduros e de qualidade para o congelamento.

Congelamento

  • Os óvulos selecionados são rapidamente congelados usando uma técnica chamada de vitrificação, que consiste em imersão em nitrogênio líquido em temperaturas extremamente baixas para preservá-los.

Armazenamento

  • São armazenados em um laboratório de Reprodução, geralmente por tempo indeterminado, até que a mulher esteja pronta para utilizá-los, podendo solicitar o descongelamento e utilizar os óvulos em ciclos de FIV, que é a etapa final do processo.
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Relação Sexual Programada (RSP)

Também conhecida como coito programado, ocorre de maneira natural e possui taxas de sucesso mais baixas.

Estimulação Ovariana

  • Tem o objetivo de estimular os ovários a produzirem de 1 a 3 folículos durante o ciclo menstrual.
  • São utilizados medicamentos orais ou injetáveis à base de hormônios que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.

Indução da Ovulação

  • Administração do hormônio HCG para provocar a ruptura dos folículos.
  • O hCG provoca o rompimento dos folículos cerca de 36 horas após sua administração.

Tentativas de Gravidez:

  • Orientação ao casal sobre quais serão os dias mais férteis daquele ciclo – que são os dias que eles devem manter as relações sexuais.
  • O espermatozoide sobrevive cerca de 3 dias no sistema reprodutivo feminino e o óvulo cerca de 36h. Portanto, não é necessário estabelecer a hora exata para o coito e sim um período aproximado e muito assertivo.

Conclusão do RSP

  • O teste de gravidez pode ser feito, normalmente, após 14 dias para verificar o sucesso da técnica.

Chances de Sucesso

  • Esse índice é de aproximadamente 18% a 20% em cada tentativa, muito similares às da inseminação artificial (IA).

Recomendação

  • Essa técnica é recomendada no máximo por três ciclos.
  • Após esse período, indicamos a FIV, pois outros fatores podem estar presentes, prejudicando a fertilidade e a FIV oferece mais recursos para superar esses problemas.
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Ovodoação – Recepção de Óvulos

Opção para mulheres inférteis, em virtude de baixa qualidade ou baixa reserva de óvulos.

Cadastro

  • Realização do cadastro da receptora no banco internacional de óvulos da Espanha e Argentina.

Scanner Facial

  • Após o cadastro é feita uma análise facial da receptora, onde são avaliados cerca de 12.000 pontos da face para identificar semelhanças com possíveis doadoras com características físicas e compatibilidade sanguínea da receptora.

Avaliação de Critérios

  • O banco de óvulos pode enviar à receptora informações sobre a doadora mais compatível segundo a análise detalhada, após isso, acontece a tomada da decisão para prosseguir com o tratamento proposto.
  • Antes da doação, a doadora é avaliada por uma equipe médica que verifica sua saúde geral, e diversos critérios.

Documentação

  • Após a seleção da doadora, a documentação é preparada para solicitar a vinda dos óvulos adquiridos do banco internacional para o laboratório.

Realização da fiv

  • A FIV é iniciada após a chegada dos óvulos. O processo de FIV envolve a fertilização dos óvulos com os espermatozoides em laboratório e a transferência do embrião resultante para o útero da receptora.
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Inseminação Artificial

Desenvolvida para aumentar as chances de gravidez em casos de infertilidade com alteração seminal leve, mulheres com idade até 35 anos e tubas uterinas saudáveis, casal homoafetivo feminino.

Estimulação Ovariana

  • Tem o objetivo de estimular os ovários a produzirem de 1 a 3 folículos durante o ciclo menstrual.
  • São utilizados medicamentos orais ou injetáveis à base de hormônios, que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.

Indução da Ovulação

  • Administração do hormônio HCG para provocar a ruptura dos folículos.

  • O óvulo sai do ovário e é capturado pelas tubas uterinas onde pode ser fecundado e posteriormente direcionado para o útero.

Coleta e capacitação seminal

  • O sêmen pode ser do parceiro ou de doador.
  • A coleta é feita no laboratório 02 horas antes da inseminação.

  • O sêmen deve ser analisado previamente e preparado a fim de ser depositado na cavidade uterina.

Inseminação

  • Utilizando um cateter, depositamos o sêmen preparado diretamente na cavidade uterina para facilitar o encontro do óvulo com o espermatozoide.
  • Procedimento é indolor e rápido, não havendo necessidade de repouso.

Conclusão da IA

  • O teste de gravidez é realizado 14 dias após a inseminação.
  • Caso o procedimento não seja bem-sucedido, é avaliado com o casal se é válido fazer uma nova tentativa ou se seguimos para a FIV.

Chances de Sucesso

  • O sucesso da IA depende de alguns fatores como a qualidade dos gametas.
  • Esse índice é de aproximadamente 18% a 20% em cada tentativa, um valor inferior ao da FIV.
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Fertilização in vitro

Indicada para a maioria dos casos de infertilidade e apresenta as mais altas taxas de sucesso de gravidez.

Estimulação Ovariana e Indução da Ovulação

  • Preparação do corpo: Feita com medicamentos hormonais para estimular a ovulação e aumentar o crescimento de folículos.
  • Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é administrado o hormônio hCG. Após 35 horas, é realizada a coleta dos óvulos.

Punção Ovariana

  • Retirada dos ovócitos do ovário por meio de uma agulha guiada por ultrassom.
  • O sêmen é coletado no mesmo dia e enviado para separar os melhores espermatozoides e aumentar as chances de fecundação.

Fecundação Dos Óvulos

  • Dentre os espermatozoides coletados é identificado o melhor e colocado dentro de cada óvulo.
  •  Os embriões formados a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide são colocados em incubadoras para se desenvolverem. 

Cultivo Embrionário

  • Desenvolvimento do embrião: o embrião é mantido em um meio de cultivo durante um período de 5 dias, até que esteja em uma fase adequada para ser transferido ou congelado.

Transferência Embrionária

  • O embrião é colocado no útero para iniciar o processo de fixação, da mesma forma que acontece na gestação espontânea.
  • É nesse momento que pode haver uma maior ou menor possibilidade de gestação múltipla, podem ser transferidos até três embriões dependendo da idade da mulher.

Conclusão da FIV

  • Confirmação da gravidez: a gravidez é confirmada por meio de teste de sangue.
  • O exame é realizado em 10 dias após a transferência embrionária.
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