A fertilidade feminina depende de equilíbrio hormonal, ciclos ovulatórios regulares, permeabilidade tubária, saúde uterina, entre outros fatores. Diferentes doenças podem prejudicar as funções reprodutivas, uma delas é a adenomiose, que afeta o útero.
Há várias doenças que podem causar infertilidade por fator uterino. Além da adenomiose, miomas, pólipo endometrial, endometrite e sinequias uterinas são afecções que alteram as condições do útero e tornam o ambiente desfavorável para uma gestação.
O útero é o órgão central do sistema reprodutor feminino. É um órgão muscular localizado na pelve, responsável por abrigar e nutrir o embrião/feto durante a gravidez. Sua parede é composta por três camadas:
- endométrio — revestimento interno, local onde ocorre a implantação do embrião;
- miométrio — camada muscular intermediária, que permite as contrações uterinas durante o parto;
- perimétrio — camada externa do útero.
A integridade dessas camadas é essencial para manter o útero em pleno funcionamento. Alterações ou doenças que afetam a estrutura uterina podem comprometer a fertilidade, causando falhas de implantação embrionária ou abortamento.
Leia mais e entenda como a adenomiose pode afetar a saúde da mulher!
O que causa a adenomiose?
A adenomiose é uma condição ginecológica benigna caracterizada pela presença anormal de células do endométrio (que reveste internamente o útero) dentro da camada de musculatura uterina (miométrio). Essa invasão do endométrio no miométrio provoca um espessamento da parede do útero, resultando em aumento do volume do órgão e sintomas associados à inflamação miometrial.
As causas exatas da adenomiose ainda não são completamente compreendidas. No entanto, algumas teorias sugerem que a doença pode surgir após danos à parede do útero durante procedimentos médicos, como curetagem, cesariana e outras cirurgias. Esses danos seriam responsáveis por enfraquecer a zona juncional mioendometrial que separa as duas camadas da parede uterina (endométrio e miométrio), facilitando a invasão das células endometriais.
Os fatores de risco associados à adenomiose incluem:
- idade, sendo mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos;
- histórico de cirurgias uterinas;
- multiparidade (mulheres que tiveram duas ou mais gestações).
Quais são os sintomas?
A adenomiose pode se manifestar de formas variadas, e algumas mulheres podem ser assintomáticas. Quando presentes, os sintomas mais comuns incluem:
- menstruação intensa (aumento do fluxo menstrual e sangramentos prolongados);
- cólicas menstruais;
- dor durante as relações sexuais;
- dor pélvica crônica;
- inchaço abdominal, devido ao aumento do volume uterino.
A dificuldade para engravidar também pode ser um dos sinais de adenomiose. A relação dessa doença com a infertilidade não está bem estabelecida, mas pode afetar a receptividade endometrial e a implantação embrionária, devido ao ambiente uterino inflamatório, à alteração na vascularização e na contratilidade do útero, entre outros fatores.
Como são feitos o diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico da adenomiose é desafiador devido à semelhança dos seus sintomas com os de outras condições ginecológicas. Os principais métodos para investigação incluem:
- ultrassonografia pélvica transvaginal — exame de imagem que pode identificar alterações anatômicas no útero e em outros órgãos, como ovários e tubas uterinas;
- ressonância nuclear magnética — apresenta alta acurácia para o diagnóstico, pois permite uma avaliação detalhada da musculatura uterina.
O tratamento da adenomiose deve ser definido após criteriosa avaliação, tendo em vista fatores como a gravidade dos sintomas, a idade da paciente e a intenção de engravidar. As opções incluem uso de medicação, cirurgia e técnicas de reprodução assistida.
O uso de contraceptivos hormonais e dispositivo intrauterino à base de progesterona, por exemplo, pode ajudar a controlar o sangramento e a dor, mas não é indicado para mulheres com lesões graves de adenomiose ou planos de gravidez.
O tratamento cirúrgico pode ser:
- conservador, com remoção das áreas afetadas e preservação do útero, o que é indicado em casos de adenomiose focal;
- por histerectomia, com remoção total do útero, considerada uma opção em casos graves ou quando outros tratamentos falham, especialmente para mulheres que não desejam mais engravidar.
Para mulheres com adenomiose que enfrentam dificuldades para engravidar, as técnicas de reprodução assistida são alternativas. É importante que o tratamento seja individualizado, levando em consideração a extensão da doença, a idade, bem como outros fatores de infertilidade do casal — tanto femininos quanto masculinos.
A opção com mais taxas de êxito na reprodução assistida é a fertilização in vitro (FIV), que consiste na formação de embriões em laboratório, após coleta das células reprodutivas. Na etapa final, realiza-se a transferência dos embriões para o útero.
Entretanto, mesmo que a FIV seja uma técnica eficaz, é necessário que o útero esteja em boas condições para que um embrião consiga se implantar. Por isso, antes de tentar engravidar, o ideal é tratar as alterações uterinas para restaurar a anatomia do órgão e minimizar o aspecto inflamatório.
A adenomiose é uma doença uterina benigna, mas que pode impactar a qualidade de vida e a fertilidade feminina. Portanto, procure avaliação médica especializada e saiba quais são as possibilidades de tratamento mais adequadas para o seu caso.
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