Essenciais para a saúde reprodutiva da mulher, os ovários contêm os óvulos, gametas femininos, e são responsáveis pela produção dos principais hormônios sexuais (estrogênios e progesterona).
Cada mulher tem dois ovários, conectados ao útero pelas tubas uterinas. Desde o nascimento, eles já contam com todos os folículos ovarianos que a mulher terá por toda a vida e, a cada ciclo menstrual, devido à ação dos hormônios femininos, um óvulo amadurece e é liberado, no processo que conhecemos como ovulação.
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença endócrina, que interfere no processo ovulatório, podendo causar anovulação (quando a mulher não ovula) ou oligomenorreia (anormalidade na frequência da ovulação). Como consequência, ela tende a causar diversos sintomas, incluindo a infertilidade.
Neste texto você saberá mais sobre a SOP!
O que são os ovários policísticos
Os ovários policísticos são definidos pela presença de pelo menos 12 folículos ovarianos com 2 a 9 mm de diâmetro ou pelo volume aumentado (10 cm3 ou mais). Essas características podem ser identificadas por meio de um exame de ultrassom.
É importante ressaltar, porém, que a presença dos ovários policísticos não é suficiente para que a mulher seja diagnosticada com SOP. Cerca de 25% das mulheres com essas características nos ovários não apresentam sintomas.
O que caracteriza a SOP
A SOP é caracterizada por um conjunto de sintomas, por isso é considerada uma síndrome. O Consenso de Rotterdam definiu os critérios utilizados para diagnosticar a doença, embora hoje isso tenha mudado. Não é mais necessária a ultrassonografia para confirmar a presença de cistos nos ovários. A paciente com SOP deveria apresentar pelo menos dois dos seguintes fatores:
Oligomenorreia e/ou anovulação
As mulheres com SOP muitas vezes apresentam ciclos menstruais irregulares (em geral mais longos do que o normal) ou períodos sem ovular. Essa disfunção na função ovulatória pode causar dificuldade para engravidar. Cerca de 75% das mulheres com SOP apresentam infertilidade, ou seja, não são capazes de engravidar mesmo após um ano de relações sexuais regulares sem proteção.
Hiperandrogenismo
O hiperandrogenismo é definido como a presença de características masculinas. Entre elas estão o hirsutismo (pelos na face e outras áreas do corpo incomuns às mulheres), pele oleosa, acne e queda de cabelo. No diagnóstico é necessário, no entanto, excluir a hipótese de outras doenças que também causam o hiperandrogenismo, como tumores secretores de androgênios e síndrome de Cushing.
Ovários policísticos
Os ovários policísticos são identificados em ultrassonografia realizado, preferencialmente, entre o 3O e 5O do ciclo menstrual. Se no exame for encontrado um corpo lúteo ou folículo dominante (com 10 mm de diâmetro ou mais), deve ser realizado um novo ultrassom no ciclo seguinte para confirmar a suspeita.
Como a síndrome é diagnosticada
Além do ultrassom para avaliar a ocorrência dos ovários policísticos e do exame físico, no qual o médico pode perceber sinais de hiperandrogenismo, o diagnóstico da SOP inclui exames de sangue com o objetivo de verificar os níveis hormonais da paciente. Além disso, exames complementares podem ser solicitados para excluir a suspeita de outras doenças com sintomas semelhantes.
Qual o tratamento para a SOP
O tratamento indicado para a SOP pode variar de acordo com os sintomas e o desejo da mulher de engravidar. De maneira geral, como a SOP está muitas vezes relacionada à obesidade, são recomendadas mudanças no estilo de vida, com o objetivo de redução de peso. Isso inclui a prática regular de atividades físicas e a adoção de uma dieta balanceada.
Essas medidas tendem a melhorar a resistência da paciente à insulina e regular novamente os ciclos ovulatórios. As irregularidades menstruais também podem ser tratadas com anticoncepcionais orais e medicamentos para diminuir os níveis de insulina.
Caso a paciente apresente hiperandrogenismo, é importante também tratá-lo, uma vez que ele frequentemente leva à baixa autoestima e, consequentemente, a uma queda na qualidade de vida. Além das mudanças no estilo de vida para controle de peso e de medicamentos como os anticoncepcionais, é recomendado o acompanhamento de um dermatologista para tratar acne grave, quando houver.
Reprodução assistida
Quando a mulher com SOP tem dificuldade para engravidar, é possível realizar técnicas de reprodução assistida. Na estimulação ovariana, primeira etapa dos principais métodos, a paciente utiliza hormônios para produzir mais óvulos. Todo esse processo é monitorado por meio de ultrassonografias periódicas e acompanhamento médico.
A escolha da técnica utilizada pode ser baseada no resultado da estimulação: caso a mulher produza uma grande qualidade de óvulos, é possível realizar a fertilização in vitro (FIV), método mais complexo e com as melhores taxas de sucesso.
Na FIV, os óvulos são retirados dos ovários por meio de um procedimento de aspiração e fecundados em laboratório com o sêmen do parceiro. Somente depois de três a cinco dias de cultivo in vitro os embriões resultantes são colocados no útero da paciente na expectativa de que ela engravide.
Se o resultado da estimulação ovariana for a produção de até três óvulos, a opção pode ser pela relação sexual programada (RSP), na qual os folículos não são extraídos. Em vez disso, o casal é orientado a ter relações no momento mais propício para que ocorra a fertilização.
A RSP é uma técnica de baixa complexidade e, como a fecundação ocorre no corpo feminino, não pode ser realizada quando a mulher produz mais do que três óvulos devido ao alto risco de gravidez gemelar.
A escolha da técnica de reprodução assistida depende também de outros fatores, como idade da mulher e o tempo de infertilidade, por isso será avaliada caso a caso.
Se você quiser saber mais sobre a SOP, seus sintomas e tratamentos, toque aqui.