A ovodoação ou doação de óvulos é um procedimento complementar à fertilização in vitro (FIV), técnica de reprodução assistida de alta complexidade que, com o avanço da ciência, vem proporcionando a casais inférteis ou homoafetivos, assim como a pessoas que buscam a produção independente, a possibilidade de concretizar o sonho de ter um filho.
Como esse procedimento gera muitas dúvidas nos pacientes, elaborei esse post para elucidar as questões mais recorrentes e importantes. Aqui você entenderá o que é a ovodoação, como ela ocorre, para qual caso é indicada, tipos de ovodoação e os benefícios para a gravidez. Continue a leitura e confira!
O que é ovodoação?
A ovodoação consiste na doação de gametas femininos (óvulos) por mulheres com até 35 anos para mulheres inférteis. A receptora é a paciente que necessita do óvulo, pois não produz óvulos em quantidade ou qualidade suficiente para formar embriões viáveis e consolidar a gravidez desejada.
Como ocorre esse procedimento?
São muitas as dúvidas que surgem sobre o assunto quando a paciente é indicada para esse procedimento. Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a ovodoação tem alguns requisitos que devem ser atendidos:
- A doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial;
- A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos;
- É mantido, obrigatoriamente, o sigilo sobre a identidade das doadoras de gametas e embriões, bem como das receptoras;
- O médico assistente tem a responsabilidade de escolher os oócitos. Dentro do possível, deverá garantir que a doadora tenha a maior semelhança fenotípica (características físicas) com a receptora.
Quais são as etapas da ovodoação?
Ao aceitar o tratamento, o casal preenche um questionário, que contribuirá para a busca da doadora ideal (esse processo pode levar algum tempo), além de uma consulta para abordar os aspectos emocionais envolvidos nesse processo.
Iniciado o tratamento, a paciente começará o preparo do útero utilizando hormônios com a intenção de deixar o endométrio receptivo aos embriões. Após a avaliação da resposta endometrial da receptora, através de ultrassons ou técnicas complementares, como o teste ERA (teste de receptividade endometrial), o médico irá programar a fertilização dos óvulos doados com o sêmen do casal receptor.
Depois da fertilização do óvulo no laboratório, o desenvolvimento do embrião é observado até atingir a morfologia ideal de transferência para o útero, geralmente no 5o dia de cultivo embrionário.
Para quem é indicada?
A mulher nasce com a maior quantidade de óvulos que terá durante a sua vida. Com o avanço da idade, esse número começa a cair progressivamente até a pós-menopausa (período no qual a mulher deixará definitivamente de menstruar e de ovular).
No entanto, durante o climatério, próximo aos últimos anos férteis da mulher, não só a quantidade de óvulos reduz de forma acelerada, como a qualidade deles também diminui e a maior parte dos ciclos é anovulatória ou ovulatória, mas com qualidade muito comprometida do óvulo.
Esses fatores causam dificuldade de engravidar, mas não é a única causa da infertilidade. Algumas mulheres têm a reserva diminuída por falência ovariana prematura, endometriose e tratamentos oncológicos antes do período da menopausa.
Além de ser indicada para idade materna avançada, a ovodoação também é recomendada para mulheres:
- Com menopausa precoce;
- Que nasceram com ovários não funcionantes;
- Que realizaram tratamento por quimioterapia ou radioterapia;
- Que tenham passado por retirada dos ovários por cirurgia;
- Com doenças genéticas ou falhas repetidas de FIV.
Também pode ser indicada para:
- Casais homoafetivos;
- Homens que queiram fazer produção independente.
Quais são os tipos de ovodoação?
A doação de óvulos é um ato solidário, voluntário e altruísta. Atualmente, pode ser feita de forma completamente voluntária ou por doação compartilhada.
A doação voluntária acontece quando a mulher com até 35 anos e sem problemas de fertilidade tem o intuito de doar o óvulo e, assim, se submete ao processo de estimulação ovariana e coleta.
Já a doação compartilhada a doadora usa para si uma parte dos óvulos coletados e doa a outra para outra paciente (receptora) também em processo de FIV. Elas compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem o procedimento de reprodução assistida, de forma anônima e por intermédio da clínica.
Atualmente, é possível importar óvulos de bancos de óvulos internacionais, com uma ampla possibilidade de seleção de características físicas de doadoras, contudo há preservação da identidade delas. Os bancos internacionais disponibilizam óvulos com qualidade e realizam uma criteriosa investigação das candidatas para doação de óvulos. Em outros países, as mulheres são remuneradas para realizar esta doação e, por isso, há tantos óvulos disponíveis. Esta é a forma mais viável e segura para realizar o tratamento de ovodoação.
Quais são os benefícios para a gravidez?
Os benefícios são diversos. A taxa de sucesso de gravidez com a ovodoação é a mesma da FIV, utilizada para realizar a transferência do embrião para o útero da mãe. A técnica possui eficácia comprovada em estudos globais, com taxa de 40% por ciclo iniciado.
Para mulheres com mais de 35 anos, a gravidez pode acarretar algumas complicações. Uma delas é o aumento da possibilidade de ter um filho com síndrome de Down. No entanto, um ponto que vale ressaltar é: para evitar o risco de doenças cromossômicas fetais, o importante não é a idade da mãe, mas a idade do óvulo. Portanto, o cálculo de risco de alterações genéticas é feito pela idade da doadora de óvulos e não da paciente receptora. Como as doadoras de óvulos apresentam idade inferior a 35 anos e, muito frequentemente, inferior a 30 anos, os riscos genéticos são minimizados de forma significativa.
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