Casais homoafetivos femininos: como ter filhos?

Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável de casais homoafetivos, é possível contar com as técnicas de reprodução assistida para obter a gravidez, mesmo que não tenham nenhum problema de fertilidade.

A ampliação para a utilização das técnicas foi regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2011 e se tornou mais bem definida em 2017, com a publicação da resolução mais recente.

O órgão, responsável por orientar a reprodução assistida no Brasil, também beneficia com a ampliação as pessoas solteiras que desejam uma gravidez independente. Porém, é importante observar as regras nacionais para realizar o tratamento.

Os casais homoafetivos femininos podem obter a gravidez a partir do tratamento com duas técnicas: inseminação artificial (IA), conhecida também como inseminação intrauterina (IIU) ou FIV (fertilização in vitro), indicadas de acordo com cada caso.

Continue a ler este texto e saiba como funciona o tratamento para que os casais homoafetivos femininos possam ter filhos, as taxas de sucesso proporcionadas pelas técnicas e as regras determinadas pelo Conselho Federal de Medicina.

Conheça as regras determinadas pelo CFM para casais homoafetivos terem filhos

Para que casais homoafetivos tenham filhos, eles devem contar com a doação de espermatozoides (importante para os casais femininos), de óvulos (importante para os casais masculinos) ou de embriões (para ambos). No entanto, o CFM determina que a doação deve ser voluntária e anônima. Ou seja, não pode ter caráter lucrativo ou comercial, assim como doadores não podem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. É possível realizar a importação de gametas (óvulos e espermatozoides) de bancos internacionais para viabilizar a gravidez.

Além disso, a idade limite para a doação de óvulos é de 35 anos e para a de espermatozoides de 50 anos. O CFM, por outro lado, permite que um mesmo doador contribua com quantas gestações forem desejadas, desde que em uma mesma família receptora.

No entanto, as clínicas, centros ou serviços onde são feitas as doações devem manter, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores, de acordo com legislação vigente.

O útero de substituição, popularmente conhecida como barriga de aluguel, técnica fundamental para gerar a criança de casais masculinos, também não poderá ter caráter lucrativo ou comercial, como sugere o nome popular. O útero pode ser cedido por mãe, filhas, irmãs, tias, sobrinhas ou primas dos pacientes em tratamento.

Um termo de consentimento livre e esclarecido deverá ser assinado pelos pacientes e pela cedente temporária do útero, contemplando aspectos biopsicossociais e riscos envolvidos até o puerpério (pós-parto), bem como aspectos legais da filiação. Um relatório psicológico também é exigido para atestar a adequação clínica e emocional de todos os envolvidos,

Nos casos em que o tratamento é realizado por FIV, o CFM determina o número de embriões a serem transferidos de acordo com a idade da doadora dos óvulos: com até 35 anos podem ser transferidos 1 ou 2 embriões, entre 36 e 39 anos até 3 embriões e com 40 anos ou mais, até 4 embriões.

Saiba como casais homoafetivos femininos podem ter filhos pela reprodução assistida

A primeira etapa do tratamento é a consulta inicial. Na ocasião, o especialista em reprodução humana avalia as necessidades do casal, o histórico clínico e familiar da doadora de óvulos e da receptora da gravidez, de acordo com cada caso.

A partir dessa avaliação podem ser solicitados diferentes exames, laboratoriais e de imagem para confirmar a saúde clínica e a capacidade de doar óvulos e de gestar. Os exames também são importantes para definir a técnica mais adequada em cada situação.

Duas técnicas possibilitam a gravidez de casais homoafetivos femininos: inseminação artificial (IA) ou intrauterina (IIU), em que a fecundação ocorre de forma natural, nas tubas uterinas. É indicada particularmente se a mulher receptora da gravidez (também portadora dos óvulos) tiver até 35 anos e as tubas uterinas saudáveis.

Quando a doadora dos óvulos está acima dos 36 anos, a FIV é opção mais adequada. Na técnica, a fecundação ocorre em laboratório, proporcionando, dessa forma, o tratamento também quando há problemas nas tubas uterinas. Na FIV, a doadora de óvulos também pode ser a receptora da gravidez.

O doador de espermatozoides, por outro lado, pode ser selecionado na clínica de reprodução assistida ou em bancos de esperma. Podem ser escolhidos doadores que tenham as mesmas características biológicas do casal ou com as caraterísticas físicas selecionadas pelos envolvidos nesse processo.

Entenda como o tratamento é realizado com a utilização de cada uma delas:

A estimulação ovariana é a primeira etapa do tratamento nas duas técnicas. No procedimento são utilizados medicamentos hormonais semelhantes aos naturais para estimular o desenvolvimento de maior número de folículos, que contêm os óvulos, aumentando, dessa forma, as chances de ocorrer a fecundação.

O desenvolvimento dos folículos é acompanhado por ultrassonografias realizadas periodicamente, geralmente a cada dois ou três dias. Assim, é determinado o momento ideal para que os folículos sejam induzidos ao amadurecimento final e rompimento: a ovulação pode ocorrer entre 36 e 40 horas.

Inseminação artificial (IA)

Na inseminação artificial são utilizadas dosagens hormonais mais baixas, definidas a partir das necessidades de cada paciente. O objetivo é obter entre 1 e 3 óvulos maduros.

Ao mesmo tempo que ocorre a indução da ovulação, as amostras de sêmen do doador são submetidas ao preparo seminal. A técnica possibilita a seleção dos espermatozoides mais capacitados para fecundação (com melhor motilidade).

Após a seleção a inseminação é, então, realizada: os melhores espermatozoides são inseridos em um cateter e depositados diretamente no útero da mulher que vai gerar a criança.

FIV

Na FIV, como a fecundação ocorre em laboratório, as dosagens dos medicamentos hormonais são um pouco mais altas (também individualizadas), com o objetivo de obter cerca de 10 óvulos.

Durante o período previsto para que a ovulação ocorra, os folículos maduros são puncionados para a extração dos óvulos em laboratório.

O método mais utilizado atualmente para a fecundação é a FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo com o auxílio de um aparelho sofisticado conhecido como micromanipulador de gametas.

Os embriões formados a partir da fecundação são cultivados por até seis dias em laboratório e posteriormente transferidos para o útero da mulher que vai gerar a criança em duas etapas de desenvolvimento: D3, no segundo ou terceiro dia, e blastocisto, no quinto ou sexto.

A indicação do melhor momento também considera as características das pacientes e dos embriões. A gravidez pode ser confirmada após 15 dias em ambas as técnicas.

Quais são as taxas de gravidez proporcionadas pelos procedimentos?

Nas duas técnicas há chances de obter a gravidez. Na IA, como a fecundação ocorre naturalmente, as taxas acompanham as da gestação natural: entre 18% e 20% por ciclo de realização do tratamento.

A FIV com ICSI, embora seja um tratamento mais complexo, proporciona um acompanhamento do processo de fecundação e desenvolvimento do embrião. Dessa forma, as taxas são mais expressivas: cerca de 40% por ciclo.

Toque aqui e leia o nosso conteúdo completo para saber mais sobre a gravidez de casais homoafetivos.

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Congelamento de Óvulos

Opção para mulheres que não queiram engravidar agora e querem preservar sua fertilidade ou para mulheres que possuem alguma condição médica que possa afetar sua fertilidade futuramente.

Consulta com especialista

  •  Realização de diversos exames para avaliar a resposta que a mulher terá ao estímulo ovariano para a coleta dos óvulos.

Estimulação ovariana e indução da ovulação

  • É feita uma combinação de medicamentos hormonais que ajudam a estimular o crescimento dos folículos que contêm os óvulos nos ovários.

Punção folicular

  • Retirada do líquido contido nos folículos, no qual ficam os óvulos.
  • Feito com o auxílio de uma agulha e de forma indolor, pois a paciente é anestesiada;

Identificação e seleção dos óvulos

  • No laboratório de embriologia são identificados e selecionados os óvulos maduros e de qualidade para o congelamento.

Congelamento

  • Os óvulos selecionados são rapidamente congelados usando uma técnica chamada de vitrificação, que consiste em imersão em nitrogênio líquido em temperaturas extremamente baixas para preservá-los.

Armazenamento

  • São armazenados em um laboratório de Reprodução, geralmente por tempo indeterminado, até que a mulher esteja pronta para utilizá-los, podendo solicitar o descongelamento e utilizar os óvulos em ciclos de FIV, que é a etapa final do processo.
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Relação Sexual Programada (RSP)

Também conhecida como coito programado, ocorre de maneira natural e possui taxas de sucesso mais baixas.

Estimulação Ovariana

  • Tem o objetivo de estimular os ovários a produzirem de 1 a 3 folículos durante o ciclo menstrual.
  • São utilizados medicamentos orais ou injetáveis à base de hormônios que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.

Indução da Ovulação

  • Administração do hormônio HCG para provocar a ruptura dos folículos.
  • O hCG provoca o rompimento dos folículos cerca de 36 horas após sua administração.

Tentativas de Gravidez:

  • Orientação ao casal sobre quais serão os dias mais férteis daquele ciclo – que são os dias que eles devem manter as relações sexuais.
  • O espermatozoide sobrevive cerca de 3 dias no sistema reprodutivo feminino e o óvulo cerca de 36h. Portanto, não é necessário estabelecer a hora exata para o coito e sim um período aproximado e muito assertivo.

Conclusão do RSP

  • O teste de gravidez pode ser feito, normalmente, após 14 dias para verificar o sucesso da técnica.

Chances de Sucesso

  • Esse índice é de aproximadamente 18% a 20% em cada tentativa, muito similares às da inseminação artificial (IA).

Recomendação

  • Essa técnica é recomendada no máximo por três ciclos.
  • Após esse período, indicamos a FIV, pois outros fatores podem estar presentes, prejudicando a fertilidade e a FIV oferece mais recursos para superar esses problemas.
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Ovodoação – Recepção de Óvulos

Opção para mulheres inférteis, em virtude de baixa qualidade ou baixa reserva de óvulos.

Cadastro

  • Realização do cadastro da receptora no banco internacional de óvulos da Espanha e Argentina.

Scanner Facial

  • Após o cadastro é feita uma análise facial da receptora, onde são avaliados cerca de 12.000 pontos da face para identificar semelhanças com possíveis doadoras com características físicas e compatibilidade sanguínea da receptora.

Avaliação de Critérios

  • O banco de óvulos pode enviar à receptora informações sobre a doadora mais compatível segundo a análise detalhada, após isso, acontece a tomada da decisão para prosseguir com o tratamento proposto.
  • Antes da doação, a doadora é avaliada por uma equipe médica que verifica sua saúde geral, e diversos critérios.

Documentação

  • Após a seleção da doadora, a documentação é preparada para solicitar a vinda dos óvulos adquiridos do banco internacional para o laboratório.

Realização da fiv

  • A FIV é iniciada após a chegada dos óvulos. O processo de FIV envolve a fertilização dos óvulos com os espermatozoides em laboratório e a transferência do embrião resultante para o útero da receptora.
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Inseminação Artificial

Desenvolvida para aumentar as chances de gravidez em casos de infertilidade com alteração seminal leve, mulheres com idade até 35 anos e tubas uterinas saudáveis, casal homoafetivo feminino.

Estimulação Ovariana

  • Tem o objetivo de estimular os ovários a produzirem de 1 a 3 folículos durante o ciclo menstrual.
  • São utilizados medicamentos orais ou injetáveis à base de hormônios, que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.

Indução da Ovulação

  • Administração do hormônio HCG para provocar a ruptura dos folículos.

  • O óvulo sai do ovário e é capturado pelas tubas uterinas onde pode ser fecundado e posteriormente direcionado para o útero.

Coleta e capacitação seminal

  • O sêmen pode ser do parceiro ou de doador.
  • A coleta é feita no laboratório 02 horas antes da inseminação.

  • O sêmen deve ser analisado previamente e preparado a fim de ser depositado na cavidade uterina.

Inseminação

  • Utilizando um cateter, depositamos o sêmen preparado diretamente na cavidade uterina para facilitar o encontro do óvulo com o espermatozoide.
  • Procedimento é indolor e rápido, não havendo necessidade de repouso.

Conclusão da IA

  • O teste de gravidez é realizado 14 dias após a inseminação.
  • Caso o procedimento não seja bem-sucedido, é avaliado com o casal se é válido fazer uma nova tentativa ou se seguimos para a FIV.

Chances de Sucesso

  • O sucesso da IA depende de alguns fatores como a qualidade dos gametas.
  • Esse índice é de aproximadamente 18% a 20% em cada tentativa, um valor inferior ao da FIV.
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Fertilização in vitro

Indicada para a maioria dos casos de infertilidade e apresenta as mais altas taxas de sucesso de gravidez.

Estimulação Ovariana e Indução da Ovulação

  • Preparação do corpo: Feita com medicamentos hormonais para estimular a ovulação e aumentar o crescimento de folículos.
  • Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é administrado o hormônio hCG. Após 35 horas, é realizada a coleta dos óvulos.

Punção Ovariana

  • Retirada dos ovócitos do ovário por meio de uma agulha guiada por ultrassom.
  • O sêmen é coletado no mesmo dia e enviado para separar os melhores espermatozoides e aumentar as chances de fecundação.

Fecundação Dos Óvulos

  • Dentre os espermatozoides coletados é identificado o melhor e colocado dentro de cada óvulo.
  •  Os embriões formados a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide são colocados em incubadoras para se desenvolverem. 

Cultivo Embrionário

  • Desenvolvimento do embrião: o embrião é mantido em um meio de cultivo durante um período de 5 dias, até que esteja em uma fase adequada para ser transferido ou congelado.

Transferência Embrionária

  • O embrião é colocado no útero para iniciar o processo de fixação, da mesma forma que acontece na gestação espontânea.
  • É nesse momento que pode haver uma maior ou menor possibilidade de gestação múltipla, podem ser transferidos até três embriões dependendo da idade da mulher.

Conclusão da FIV

  • Confirmação da gravidez: a gravidez é confirmada por meio de teste de sangue.
  • O exame é realizado em 10 dias após a transferência embrionária.
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