A infertilidade masculina está ligada a alterações de origem genética ou adquirida que podem afetar a integridade anatômica ou funcional das diversas estruturas que compõem o sistema reprodutivo masculino.
No entanto, a maior parte dessas alterações se reflete em danos ao processo de formação dos componentes do sêmen – fazendo da análise do líquido ejaculado, realizada pelo espermograma, uma ferramenta fundamental para o diagnóstico e tratamento dos problemas relacionados à infertilidade masculina.
Neste texto, mostro para você em que momento o espermograma é solicitado, especialmente no processo de investigação da infertilidade masculina.
Do que é composto o sêmen?
Chamamos sêmen o líquido expelido pelo pênis durante a ejaculação, composto por uma fase líquida, formada por substâncias produzidas pelas glândulas anexas (vesículas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais), e uma fase “sólida”, composta pelas células reprodutivas masculinas, os espermatozoides.
Líquidos glandulares
A parte líquida do sêmen tem três funções centrais: a condução dos espermatozoides, sua proteção e também sua nutrição. A produção do plasma seminal fica a cargo das glândulas anexas do sistema reprodutivo masculino – glândulas bulbouretrais, vesículas seminais e a próstata.
As glândulas bulbouretrais produzem uma espécie de muco, que é expelido também antes da ejaculação, com a função de limpar o canal da uretra e assim preservar os espermatozoides.
As vesículas seminais são responsáveis pela secreção do líquido seminal, cuja principal função é nutrir os espermatozoides, e a próstata, que produz o líquido prostático no qual estão presentes algumas enzimas proteolíticas e substâncias alcalinas, que preservam o espermatozoide do contato com a acidez do canal vaginal.
A próstata também é responsável pelas taxas de liquefação do sêmen – é possível observar a olho nu a tendência natural do sêmen em perder seu aspecto viscoso, tornando-se líquido momentos após a ejaculação. A liquefação do sêmen facilita os processos de locomoção dos espermatozoides, agora no meio muito menos denso.
Espermatozoides
Os espermatozoides são as células reprodutivas masculinas em si. São formados a partir dos espermatócitos, células primordiais localizadas nas paredes dos túbulos seminíferos, ao lado das células de Leydig e de Sertoli, que atuam na produção de testosterona e como fonte nutricional para a espermatogênese.
Morfologicamente os espermatozoides são formados por uma cabeça, contendo um acrossoma em uma das extremidades, e uma cauda conectada à cabeça, em sua outra extremidade, responsável pela motilidade dessa célula.
Para que a função reprodutiva dessa célula seja desempenhada normalmente, é necessário que essas estruturas estejam íntegras e que a concentração de espermatozoides no sêmen seja alta.
O que é o espermograma?
O espermograma é um exame laboratorial realizado para avaliar a fertilidade masculina. É realizado em amostra de sêmen, sendo possível estimar a qualidade desse material biológico pela análise de seus parâmetros macroscópicos – volume, cor, viscosidade e capacidade de liquefação – e microscópicos – motilidade, morfologia, concentração e vitalidade.
A coleta do sêmen é realizada pelo próprio paciente, por masturbação, na clínica ou no laboratório de análises clínicas, em que o processamento do exame ocorrerá.
A única preparação necessária para o espermograma é obedecer à janela de abstinência sexual, que deve ser de no mínimo 2 e no máximo 5 dias, já que tanto a abstinência sexual quanto o excesso de ejaculações podem alterar o resultado do exame.
Quando o espermograma é indicado?
A Organização Mundial da Saúde define infertilidade como a não ocorrência de gravidez após um ano de tentativas, sem uso de contraceptivo, por um casal em idade reprodutiva.
Muitas vezes a infertilidade não está acompanhada de outros sintomas e muitos homens inférteis apenas descobrem sua condição no momento que tentam ter filhos e não conseguem.
Como a maior parte dos problemas reprodutivos masculinos provoca reflexos na composição do sêmen, o espermograma é considerado um dos primeiros exames solicitados na investigação de qualquer alteração do sistema reprodutivo dos homens.
Principalmente nesses casos, a investigação das causas da infertilidade masculina geralmente é direcionada a partir do resultado do espermograma, a fim de delinear diagnósticos precisos e indicar os tratamentos adequados.
O espermograma é, então, um dos exames primordiais, não somente para o diagnóstico da infertilidade masculina, mas também para a identificação da maior parte das comorbidades que afetam o sistema reprodutivo dos homens.
Dentre as doenças relacionadas à função reprodutiva masculina e que podem ser identificadas pelo espermograma, destaco:
- Azoospermia obstrutiva, não obstrutiva e todas as outras alterações seminais, como oligozoospermia;
- Uretrite;
- Epididimite;
- Orquite;
- Varicocele;
- Hipogonadismo hipogonadotrófico;
- Síndrome de Klinefelter.
Qual a relação entre o espermograma e as técnicas de reprodução assistida?
Quando a investigação das causas da infertilidade masculina está no contexto em que a escolha pela reprodução assistida já foi feita, ainda assim o espermograma é fundamental para direcionar a definição da técnica mais adequada para cada caso.
Isso porque algumas das técnicas disponíveis hoje apresentam restrições, que são decorrentes da própria metodologia dessas técnicas, especialmente os casos de infertilidade masculina.
A RSP (relação sexual programada) não deve ser indicada para nenhum tipo de infertilidade masculina, pois não oferece nenhuma forma de seleção espermática, enquanto a IA (inseminação artificial) pode ser uma boa saída, especialmente por seu custo-benefício, porém somente para os casos mais leves de infertilidade masculina.
A FIV (fertilização in vitro) é, atualmente, a técnica mais abrangente e com os melhores resultados, indicada como primeira abordagem para muitos casos de infertilidade masculina.
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