A infertilidade afeta 15% dos casais pelo mundo, e a infertilidade masculina é responsável por cerca de 40% desses casos, diferentemente do que se pensou por muito tempo.
Existem sintomas relacionados e exames que identificam a infertilidade masculina, por isso é importante buscar auxílio médico quando notar alguma alteração.
O conhecimento nos ajuda a lidar com as dificuldades, portanto neste texto vou esclarecer as dúvidas e trazer informações importantes acerca dessa condição, que pode ser muito prejudicial à vida do homem.
Os assuntos que abordarei são: fatores masculinos que levam o homem à infertilidade; sinais da infertilidade; exames; e possibilidades de tratamento, como a fertilização in vitro (FIV).
Quais são os fatores que podem levar o homem à infertilidade?
Os fatores que levam o homem à infertilidade podem ser divididos em: pré-testiculares (genético, hormonal), testiculares (varicocele, infeccioso, criptorquidia) e pós-testiculares (obstrutivos, imunológicos). Vamos entender um pouco mais sobre cada um deles.
Pré-testiculares
Hormonal: alterações hormonais são comuns no organismo, mas o ciclo hormonal em desequilíbrio pode levar a falhas e até à não produção espermática. É encontrada em 5% dos casos.
Genético: algumas condições genéticas também podem levar à infertilidade e este fator está presente em cerca de 5% dos casos.
Testiculares
Varicocele: consiste na dilatação anormal das veias espermáticas. É a causa mais comum de infertilidade masculina, encontrada em cerca de 20% a 40% dos casos.
Infeccioso: geralmente é causada por infecções sexualmente transmissíveis (IST), pois causam inflamação nos genitais internos, que, por sua vez, pode levar a complicações e infertilidade. É encontrada em cerca de 15% dos casos.
Criptorquidia: anomalia definida como ausência do testículo na bolsa escrotal em decorrência da não descida do testículo para o escroto. Apresenta uma prevalência de 5% a 10% dos casos de infertilidade masculina.
Pós-testicular
Obstrutivos: o fator obstrutivo pode ocorrer devido ao não desenvolvimento dos ductos deferentes — canais que permitem o transporte dos espermatozoides do testículo à uretra.
Também pode ser consequência de processos inflamatórios e/ou infecciosos e impedem a ejaculação dos espermatozoides. Ocorre em cerca de 10% dos casos de infertilidade.
Imunológicos: os espermatozoides são capazes de produzir anticorpos antiespermatozoides, mas em virtude de proteções esses anticorpos não afetam a fertilidade.
No entanto, algumas condições, como traumas e infecções, podem liberar esses anticorpos, que são capazes de afetar o espermatozoide e prejudicar a fecundação.
Embora as causas desse tipo de infertilidade ainda sejam desconhecidas, ocorre em cerca de 5% dos casos de infertilidade.
Quais são os sinais de infertilidade?
O casal é considerado infértil quando não consegue engravidar após 12 meses de relações sexuais sem utilizar contraceptivos.
O casal com essa dificuldade precisa procurar ajuda médica para exames específicos de infertilidade. Em casos em que a parceira apresenta idade superior a 35 anos, deve ser realizada uma avalição médica após 6 meses de tentativa.
A infertilidade masculina pode ser causada por diversos fatores. No entanto, na maioria dos casos, ela é assintomática, sendo difícil identificá-la. Por essa razão, é importante fazer exames periodicamente.
Nos casos que a infertilidade masculina apresenta sinais, eles são:
- Problemas com a função sexual — por exemplo, dificuldade com ejaculação ou pequenos volumes de fluido ejaculado, desejo sexual reduzido ou disfunção erétil;
- Dor, inchaço ou nódulo na área do testículo;
- Crescimento anormal da mama (ginecomastia);
- Diminuição de pelos faciais ou corporais ou outros sinais de anormalidade cromossômica ou hormonal;
- Uma contagem de espermatozoides inferior à normal (menos de 15 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen ou uma contagem total de espermatozoides inferior a 39 milhões por ejaculado).
Quais são os exames para diagnóstico da infertilidade masculina?
O diagnóstico da infertilidade em si, seja masculina, seja feminina, deve ser baseado em resultados de exames específicos.
No caso da infertilidade masculina, há dois principais exames: espermograma e o teste de fragmentação do DNA espermático.
Esses exames são importantes para a pesquisa da infertilidade masculina e diagnóstico.
Espermograma
O espermograma é o exame básico da fertilidade masculina. A análise seminal tem dois aspectos: microscópico e macroscópico.
O aspecto microscópico analisa as condições dos espermatozoides. Já o macroscópico avalia o líquido seminal.
Para a realização do exame, o homem deve ficar em abstinência sexual total por 2 a 5 dias, senão o resultado pode dar alteração.
Na análise macroscópica, são analisados:
- Cor e aspecto: normal branco opalescente;
- Tempo de liquefação: menor que 60 minutos até a amostra se tornar líquida;
- Volume total ejaculado: deve ser superior a 1,5 ml;
- Viscosidade: os resultados são “normal” ou “anormal”;
- pH: deve ser maior ou igual a 7,2.
Na análise microscópica, os valores de normalidade são:
- Concentração total de espermatozoides: superior a 15 milhões por ml;
- O número total de espermatozoides: superior a 39 milhões;
- Motilidade total: superior a 40%;
- Motilidade progressiva: superior a 32%;
- Vitalidade: superior a 58%;
- Morfologia normal: 4%.
Os resultados do espermograma, na maioria das vezes, fornece informações importantes para estabelecer a conduta de tratamento da infertilidade.
Em caso de fator masculino leve, podem ser indicadas técnicas de reprodução assistida de baixa complexidade, como a relação sexual programada (RSP) e a inseminação artificial (IA). Em caso de fator masculino grave, é indicada a FIV.
Teste de fragmentação do DNA espermático
O espermatozoide é produzido nos testículos e carrega o DNA, o material genético que se ligará ao do óvulo para gerar o embrião.
Se esse DNA estiver comprometido, as consequências podem ser a impossibilidade de fecundação, a falha de implantação, aborto de repetição ou o desenvolvimento do bebê com alterações cromossômicas, levando à infertilidade masculina.
O teste de fragmentação do DNA espermático identifica a porcentagem de espermatozoides com alterações no DNA. Acima de 30% o risco de infertilidade é alto.
Alguns fatores de dano ao DNA são transitórios, como o aumento da temperatura testicular e exposição a agentes químicos, como tratamento para o câncer (nesse caso, o homem pode se tornar infértil de forma irreversível, dependendo do tratamento) e medicações permanentes.
Outros fatores podem ser revertidos ou tratados, como a obesidade, varicocele e consumo de drogas.
O teste de fragmentação do DNA é indicado para casais diagnosticados com ISCA, homens acima de 40 anos que já apresentem alterações seminais no espermograma e casais com falha de implantação ou aborto de repetição.
Em técnicas de reprodução assistida, não é possível selecionar os espermatozoides com base na análise do DNA espermático, portanto essa alteração pode também causar falhas na FIV.
Se o teste de fragmentação de DNA espermático estiver alterado, recomendo a FIV com magnificação, a super-ICSI. Assim, é possível fazer a seleção espermática mais adequada para estes casos.
Quais são as possibilidades para superar a infertilidade?
A infertilidade masculina não significa a impossibilidade definitiva de ter filhos. O avanço tecnológico permitiu o desenvolvimento de diversas técnicas e tratamentos.
Por exemplo, as técnicas de reprodução assistida, como a FIV, são responsáveis por permitir a milhares de casais realizarem seu sonho de ter um filho.
Os tratamentos e técnicas são indicados com base na causa identificada de infertilidade.
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