Tratamento da trombofilia e reprodução assistida

As trombofilias ocorrem por alterações genéticas ou adquiridas e são desordens do processo de coagulação que provocam uma predisposição à trombose. Os eventos trombóticos acontecem em aproximadamente um terço dos casos de trombofilia, e as principais consequências das alterações decorrentes dela incluem AVC (acidente vascular cerebral), infarto agudo do miocárdio e infertilidade feminina.

Os eventos trombóticos acontecem quando o sangue coagula no interior dos vasos sanguíneos – veias, artérias e capilares –, formando um trombo, coágulo que impede a passagem de sangue pelas estruturas afetadas. As consequências dos eventos trombóticos podem resultar em falhas na irrigação de tecidos e órgãos, levando à perda de sua função.

A trombofilia afeta a gestação por aumentar os riscos de um evento trombótico ocorrer no local em que o embrião se fixa na cavidade uterina, levando à perda gestacional e abortos de repetição.

Além disso, a própria gravidez aumenta as chances de ocorrência de um evento trombótico, já que todo o sistema de coagulação se altera para suprir as demandas gestacionais.

As terapêuticas para o controle e tratamento dos eventos trombóticos devem ser instituídas de forma cuidadosa, já que o uso de anticoagulantes também pode levar a complicações gestacionais.

Neste texto, mostro como a trombofilia pode ser tratada, incluindo as opções oferecidas pela reprodução assistida. Aproveite a leitura!

O que é trombofilia?

A coagulação é um processo fisiológico em que as plaquetas – um dos componentes do sangue – são acionadas por sinalizadores celulares indicadores de lesões e dirigem-se para o local afetado com a função de reparar os danos que estão causando o sangramento.

Para estancar este processo, as plaquetas agregam-se umas às outras, formando um corpo mais sólido, que bloqueia a perda de sangue do vaso lesionado, chamado trombo.

A trombofilia é uma predisposição, normalmente genética, para a formação de trombos após uma lesão tecidual. Há um desequilíbrio, levando a uma resposta exacerbada de agentes que promovem a coagulação sanguínea. Os trombos formados no interior de vasos, por serem sólidos, podem se acumular e bloquear o fluxo sanguíneo nessas estruturas.

Quando esses trombos circulam pelo sistema arterial, o bloqueio das artérias leva à interrupção parcial ou total da oxigenação e nutrição dos tecidos que receberiam este sangue. A falta de oxigenação celular leva à morte desses tecidos rapidamente e, dependendo do órgão afetado, pode levar à morte do paciente em questão de minutos.

Os resultados mais comuns dos eventos trombóticos arteriais são o AVC (acidente vascular cerebral), infarto agudo do miocárdio e embolia pulmonar. Na trombose venosa, o risco mais comum é a interrupção da vascularização dos membros inferiores e, como complicação, a migração de parte de um trombo para a corrente sanguínea (êmbolo) e obstrução de um outro vaso distante, por exemplo nos pulmões (embolia pulmonar).

Quando há uma menor perfusão sanguínea no local de implantação embrionária, pode ser formada uma placenta insuficiente para nutrir o feto de forma adequada até o termo da gestação e levar a complicações obstétricas (perdas gestacionais precoces ou tardias, pressão arterial materna elevada, restrição de crescimento fetal e óbito fetal).

Por que a trombofilia pode provocar infertilidade?

A gravidez e o puerpério, mesmo nos casos em que a trombofilia não foi diagnosticada, estão associados a um aumento no risco de AVC, pré-eclâmpsia e eclâmpsia, já que nessa fase acontece uma diminuição natural dos fatores antitrombóticos para proteger a gestante de possíveis hemorragias relacionadas ao parto.

Quando a gestante é trombofílica, esse risco aumenta consideravelmente, e as mudanças gestacionais mencionadas são reforçadas pelas alterações plaquetárias da trombofilia, aumentando em até seis vezes o risco de AVC, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, embolia pulmonar e disfunções na vascularização placentária.

Além do maior risco de morbimortalidade da gestante com trombofilia, os problemas vasculares que afetam a placenta aumentam também os riscos de perdas gestacionais.

Como a trombofilia é descoberta?

Trombofilia é uma doença de origem multifatorial, ou seja, pode ser causada por anomalias genéticas associadas a fatores ambientais.

Assim, o primeiro passo na investigação para diagnóstico das trombofilias deve incluir a observação do histórico familiar, em busca de casos precedentes de trombose, incluindo AVC, infarto agudo do miocárdio em indivíduos com idade de até 50 anos, além de casos de aborto de repetição.

Os fatores trombofílicos são pesquisados por meio de exames de sangue específicos, que devem ser colhidos fora do período gestacional e sem uso de hormônios contraceptivos. Essa investigação deve ser feita em pacientes com histórico familiar ou pessoal de eventos tromboembólicos.

Os anticorpos antifosfolípides são considerados como doença autoimune, caracterizados como trombofilia adquirida, decorrente de problemas que afetam especificamente o sistema imunológico.

É possível tratar a trombofilia?

Uma vez diagnosticada a trombofilia, não necessariamente ocorrerá um evento trombótico. Ainda assim, é importante que a possibilidade de uma abordagem preventiva seja estudada com cuidado.

Àqueles com uma predisposição a trombose, recomenda-se que evitem viagens longas nas quais devem permanecer sentados e controlem as doenças que oferecem risco para os eventos trombóticos, como hipertensão, diabetes e obesidade. Hábitos de vida saudáveis, como atividade física e controle de peso, estão indicados.

A principal forma de controle da trombofilia e para abordagem dos eventos trombóticos, que causam efeitos agudos, é administração de anticoagulantes, que diminuem a atividade plaquetária e a formação dos trombos.

Nos casos agudos, como infartos do miocárdio e AVCs, embolia pulmonar, trombose venosa profunda, o tratamento com anticoagulantes é feito por via intravenosa, além de outros procedimentos do atendimento hospitalar.

Após este período de tratamento de fase aguda, é necessário uso de anticoagulante via oral por alguns meses para prevenir a recorrência do evento tromboembólico.

É importante lembrar que o uso de anticoagulantes deve ser feito de forma controlada, já que essa medicação oferece riscos de hemorragia, pois reduz a capacidade de coagulação sanguínea.

Como a reprodução assistida pode ajudar?

Nos casos mais graves de trombofilia, a gestação em si pode ser um risco para o acontecimento de eventos trombóticos com potencial para colocar em risco a gestação, e até mesmo a vida da gestante.

As técnicas de reprodução assistida disponibilizadas atualmente pela medicina reprodutiva não são capazes de interferir nos processos que prejudicam a coagulação, nem nos riscos de perdas gestacionais para a portadora de trombofilia que engravida, embora possam oferecer outras soluções para possibilitar a gravidez.

A FIV (fertilização in vitro) é atualmente a técnica de reprodução assistida mais complexa, e sua metodologia permite que a fecundação aconteça fora do corpo da mulher, a partir de óvulos e espermatozoides coletados. Após a fecundação, os embriões obtidos pela FIV são cultivados e posteriormente transferidos para o útero da mulher.

Com a FIV, as mulheres trombofílicas, especialmente com quadros mais graves, podem recorrer à cessão temporária de útero, em que os embriões obtidos com seus próprios materiais biológicos são transferidos, porém para o útero de outra mulher, que não possua qualquer problema relacionado à coagulação sanguínea.

Os casos mais simples de trombofilia, especialmente quando a mulher não apresentou eventos trombóticos anteriores à gestação, outras técnicas de reprodução assistida também podem ser utilizadas, como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), com acompanhamento rigoroso do comportamento sanguíneo no que se refere à coagulação.

Conheça melhor a trombofilia tocando aqui.

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Congelamento de Óvulos

Opção para mulheres que não queiram engravidar agora e querem preservar sua fertilidade ou para mulheres que possuem alguma condição médica que possa afetar sua fertilidade futuramente.

Consulta com especialista

  •  Realização de diversos exames para avaliar a resposta que a mulher terá ao estímulo ovariano para a coleta dos óvulos.

Estimulação ovariana e indução da ovulação

  • É feita uma combinação de medicamentos hormonais que ajudam a estimular o crescimento dos folículos que contêm os óvulos nos ovários.

Punção folicular

  • Retirada do líquido contido nos folículos, no qual ficam os óvulos.
  • Feito com o auxílio de uma agulha e de forma indolor, pois a paciente é anestesiada;

Identificação e seleção dos óvulos

  • No laboratório de embriologia são identificados e selecionados os óvulos maduros e de qualidade para o congelamento.

Congelamento

  • Os óvulos selecionados são rapidamente congelados usando uma técnica chamada de vitrificação, que consiste em imersão em nitrogênio líquido em temperaturas extremamente baixas para preservá-los.

Armazenamento

  • São armazenados em um laboratório de Reprodução, geralmente por tempo indeterminado, até que a mulher esteja pronta para utilizá-los, podendo solicitar o descongelamento e utilizar os óvulos em ciclos de FIV, que é a etapa final do processo.
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Relação Sexual Programada (RSP)

Também conhecida como coito programado, ocorre de maneira natural e possui taxas de sucesso mais baixas.

Estimulação Ovariana

  • Tem o objetivo de estimular os ovários a produzirem de 1 a 3 folículos durante o ciclo menstrual.
  • São utilizados medicamentos orais ou injetáveis à base de hormônios que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.

Indução da Ovulação

  • Administração do hormônio HCG para provocar a ruptura dos folículos.
  • O hCG provoca o rompimento dos folículos cerca de 36 horas após sua administração.

Tentativas de Gravidez:

  • Orientação ao casal sobre quais serão os dias mais férteis daquele ciclo – que são os dias que eles devem manter as relações sexuais.
  • O espermatozoide sobrevive cerca de 3 dias no sistema reprodutivo feminino e o óvulo cerca de 36h. Portanto, não é necessário estabelecer a hora exata para o coito e sim um período aproximado e muito assertivo.

Conclusão do RSP

  • O teste de gravidez pode ser feito, normalmente, após 14 dias para verificar o sucesso da técnica.

Chances de Sucesso

  • Esse índice é de aproximadamente 18% a 20% em cada tentativa, muito similares às da inseminação artificial (IA).

Recomendação

  • Essa técnica é recomendada no máximo por três ciclos.
  • Após esse período, indicamos a FIV, pois outros fatores podem estar presentes, prejudicando a fertilidade e a FIV oferece mais recursos para superar esses problemas.
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Ovodoação – Recepção de Óvulos

Opção para mulheres inférteis, em virtude de baixa qualidade ou baixa reserva de óvulos.

Cadastro

  • Realização do cadastro da receptora no banco internacional de óvulos da Espanha e Argentina.

Scanner Facial

  • Após o cadastro é feita uma análise facial da receptora, onde são avaliados cerca de 12.000 pontos da face para identificar semelhanças com possíveis doadoras com características físicas e compatibilidade sanguínea da receptora.

Avaliação de Critérios

  • O banco de óvulos pode enviar à receptora informações sobre a doadora mais compatível segundo a análise detalhada, após isso, acontece a tomada da decisão para prosseguir com o tratamento proposto.
  • Antes da doação, a doadora é avaliada por uma equipe médica que verifica sua saúde geral, e diversos critérios.

Documentação

  • Após a seleção da doadora, a documentação é preparada para solicitar a vinda dos óvulos adquiridos do banco internacional para o laboratório.

Realização da fiv

  • A FIV é iniciada após a chegada dos óvulos. O processo de FIV envolve a fertilização dos óvulos com os espermatozoides em laboratório e a transferência do embrião resultante para o útero da receptora.
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Inseminação Artificial

Desenvolvida para aumentar as chances de gravidez em casos de infertilidade com alteração seminal leve, mulheres com idade até 35 anos e tubas uterinas saudáveis, casal homoafetivo feminino.

Estimulação Ovariana

  • Tem o objetivo de estimular os ovários a produzirem de 1 a 3 folículos durante o ciclo menstrual.
  • São utilizados medicamentos orais ou injetáveis à base de hormônios, que estimulam o crescimento dos folículos ovarianos.

Indução da Ovulação

  • Administração do hormônio HCG para provocar a ruptura dos folículos.

  • O óvulo sai do ovário e é capturado pelas tubas uterinas onde pode ser fecundado e posteriormente direcionado para o útero.

Coleta e capacitação seminal

  • O sêmen pode ser do parceiro ou de doador.
  • A coleta é feita no laboratório 02 horas antes da inseminação.

  • O sêmen deve ser analisado previamente e preparado a fim de ser depositado na cavidade uterina.

Inseminação

  • Utilizando um cateter, depositamos o sêmen preparado diretamente na cavidade uterina para facilitar o encontro do óvulo com o espermatozoide.
  • Procedimento é indolor e rápido, não havendo necessidade de repouso.

Conclusão da IA

  • O teste de gravidez é realizado 14 dias após a inseminação.
  • Caso o procedimento não seja bem-sucedido, é avaliado com o casal se é válido fazer uma nova tentativa ou se seguimos para a FIV.

Chances de Sucesso

  • O sucesso da IA depende de alguns fatores como a qualidade dos gametas.
  • Esse índice é de aproximadamente 18% a 20% em cada tentativa, um valor inferior ao da FIV.
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Fertilização in vitro

Indicada para a maioria dos casos de infertilidade e apresenta as mais altas taxas de sucesso de gravidez.

Estimulação Ovariana e Indução da Ovulação

  • Preparação do corpo: Feita com medicamentos hormonais para estimular a ovulação e aumentar o crescimento de folículos.
  • Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é administrado o hormônio hCG. Após 35 horas, é realizada a coleta dos óvulos.

Punção Ovariana

  • Retirada dos ovócitos do ovário por meio de uma agulha guiada por ultrassom.
  • O sêmen é coletado no mesmo dia e enviado para separar os melhores espermatozoides e aumentar as chances de fecundação.

Fecundação Dos Óvulos

  • Dentre os espermatozoides coletados é identificado o melhor e colocado dentro de cada óvulo.
  •  Os embriões formados a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide são colocados em incubadoras para se desenvolverem. 

Cultivo Embrionário

  • Desenvolvimento do embrião: o embrião é mantido em um meio de cultivo durante um período de 5 dias, até que esteja em uma fase adequada para ser transferido ou congelado.

Transferência Embrionária

  • O embrião é colocado no útero para iniciar o processo de fixação, da mesma forma que acontece na gestação espontânea.
  • É nesse momento que pode haver uma maior ou menor possibilidade de gestação múltipla, podem ser transferidos até três embriões dependendo da idade da mulher.

Conclusão da FIV

  • Confirmação da gravidez: a gravidez é confirmada por meio de teste de sangue.
  • O exame é realizado em 10 dias após a transferência embrionária.
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