O útero é revestido por três camadas de tecidos, denominadas perimétrio (ou camada serosa), miométrio e endométrio.
Perimétrio é a camada externa, uma membrana serosa constituída por tecido conjuntivo. Miométrio é camada intermediária, constituída de musculatura lisa e endométrio é a camada interna, que reveste toda a cavidade uterina, formada por tecido epitelial altamente vascularizado.
O miométrio é a parede mais espessa do útero e possibilita as contrações no momento do parto. É composto por fibras musculares lisas (células musculares) separadas por tecido conjuntivo, divididos em quatro camadas. A primeira e a quarta possuem fibras dispostas longitudinalmente e as intermediárias os vasos sanguíneos que irrigam o órgão.
Miomas são formados quando uma única célula do miométrio se multiplica e cresce originando um tumor benigno. Trata-se de uma doença muito prevalente e os sintomas estão relacionados com sua localização. Os miomas são diversos e classificados de acordo com o local de crescimento.
Continue a leitura e conheça as formas da doença, as causas e fatores de risco, como eles podem afetar a fertilidade e o tratamento mais indicado em cada caso.
O que são miomas uterinos?
Também chamados leiomiomas ou fibromas, miomas uterinos são tumores benignos bastante comuns e raramente evoluem para malignidade. Embora as causas que motivam a sua formação ainda não sejam conhecidas, de acordo com estudos, alguns fatores aumentam o risco para o desenvolvimento deles.
Estão entre as patologias femininas dependentes de estrogênio, por isso, o desenvolvimento é associado à ação do hormônio. Genética, diferença racial e idade aumentam as chances: a prevalência em mulheres com histórico familiar e negras.
O risco também é maior para mulheres que menstruaram precocemente. A prevalência também é maior em mulheres obesas.
Os miomas podem ter diferentes tamanhos, desde poucos milímetros à vários centímetros. Cerca de 25% das mulheres podem desenvolver miomas uterinos. Muitas vezes são descobertos durante o exame de rotina, não manifestam sintomas e tendem a involuir naturalmente.
Porém, durante a fase reprodutiva, de acordo com o local de crescimento, podem manifestar sintomas que impactam a qualidade de vida das mulheres portadoras, assim como afetar a fertilidade quando crescem no interior da cavidade uterina, provocando abortamento ou parto prematuro.
Quais são os tipos de miomas uterinos?
Os miomas são classificados em três tipos de acordo com a localização, critério que interfere, da mesma forma, nos sintomas manifestados por eles e na fertilidade.
Os riscos de infertilidade são impactados pelo grau de extensão dos miomas no miométrio e a comunicação deles com a cavidade uterina.
Por isso, são ainda classificados por um sistema de pontuação de 0 a 8 organizado de acordo com a localização entre as camadas do útero. Proposto pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) é importante para o planejamento do tratamento mais adequado para cada paciente e adotado internacionalmente.
Principais tipos de miomas e sintomas que eles manifestam:
- Miomas submucosos: este tipo de mioma cresce no interior da cavidade uterina e pode dificultar a implantação do embrião provocando falhas e abortamento, ou complicações na gravidez, como descolamento da placenta, parto prematuro e hemorragia pós-parto. O principal sintoma é sangramento abundante com cólicas, de intensidade variável, durante o período menstrual.
- Miomas intramurais: crescem no miométrio e são o tipo mais comum. Podem ter tamanhos variados. Quando eles atingem dimensões maiores, podem atingir a cavidade uterina e causar desconforto similar aos miomas submucosos.
- Miomas subserosos: crescem na superfície externa do útero (serosa). Por possuírem menor limitação de espaço podem atingir grandes dimensões e causar inchaço na região abdominal e a compressão de órgãos como a bexiga e o intestino, manifestando sintomas como a vontade frequente de urinar e constipação. Além disso, alguns miomas subserosos podem desenvolver uma haste para suportá-los (pediculados): quando retorcem, causam dor severa.
Classificação de miomas por pontuação:
- Escore 0: mioma que se encontra totalmente na cavidade uterina;
- Escore 1: mioma que tem sua maior porção na cavidade uterina e menor porção no miométrio;
- Escore 2: mioma que tem a sua maior parte no miométrio;
- Escore 3: este tipo de mioma é completamente intramural (no miométrio), embora se conecte com o endométrio (mucosa da cavidade uterina);
- Escore 4: mioma completamente localizado no miométrio (intramural);
- Escore 5 e 6: são 50% localizados na camada externa (subserosos) e 50% no miométrio (intramurais);
- Escore 7: miomas do tipo pediculados na superfície externa;
- Escore 8: miomas encontrados em locais ectópicos, como o colo do útero.
Além disso, o sistema de pontuação da FIGO permite uma variedade de estágios se o mioma atravessar várias camadas, como por exemplo, o que que possui menos da metade do seu do seu volume na cavidade uterina e se estende para a camada serosa poderia ser classificado como tipo 2-5.
Quais são os tratamentos indicados para miomas uterinos
Para confirmar a suspeita de miomas, na maioria das vezes detectados durante o exame físico de rotina, são solicitados exames de imagem como a ultrassonografia pélvica e a ressonância magnética (RM).
Os resultados diagnósticos contribuem para individualização do tratamento, que considera a severidade dos sintomas e o desejo da paciente de engravidar.
A cirurgia é indicada nos casos em que os miomas provocam alterações na fertilidade, na cavidade uterina e para mulheres com sintomas mais severos. O procedimento para remoção é conhecido como miomectomia e realizado, atualmente, por técnicas minimamente invasivas. Anormalidades na anatomia do útero também são corrigidas após a remoção.
A histerectomia, cirurgia para a retirada total ou parcial do útero, pode ser ainda alternativa para mulheres com sintomas graves que não desejam mais engravidar. No entanto, atualmente, esse é um tratamento de exceção, uma vez que a remoção dos miomas por técnicas minimamente invasivas registra percentuais relevantes de sucesso.
Após a remoção e correção uterina é possível engravidar naturalmente em alguns casos. Quando isso não acontece, a indicação passa a ser o tratamento por FIV (fertilização in vitro).
Na FIV, óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório. Na FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), é realizada a injeção de cada espermatozoide diretamente no óvulo.
Os embriões que resultam desse processo são cultivados por alguns dias em laboratório e transferidos posteriormente para o útero. Os percentuais de sucesso gestacional proporcionados pela técnica são de cerca de 40 a 50% a cada ciclo de realização do tratamento.
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