Após ser fecundado pelo espermatozoide, o óvulo se torna uma única célula chamada de zigoto, que se divide, formando o embrião.
Assim, o embrião corresponde ao estágio inicial de desenvolvimento do organismo que vai originar um ser humano: o período embrionário termina na 8ª semana depois da fecundação, quando o embrião passa a ser denominado feto.
O processo de desenvolvimento embrionário ocorre da mesma maneira na gestação natural e nos tratamentos por FIV (fertilização in vitro). Porém, na FIV a fertilização é realizada artificialmente e os embriões posteriormente transferidos para o útero. Os que não forem transferidos podem ser doados.
Quer saber mais como funciona a doação de embriões? Então continue a leitura deste texto, ele explica tudo sobre o assunto.
Como o embrião se forma na gestação natural e na FIV?
Todos os meses na gestação natural diversos folículos, bolsas que armazenam os óvulos são recrutados no início do ciclo menstrual, mas apenas um deles se torna dominante: desenvolve, amadurece, rompe e ovula.
O óvulo é então capturado pelas tubas uterinas onde acontece o encontro com o espermatozoide, ou seja, a fecundação. O óvulo se torna, então, zigoto e após dividir origina o embrião. Entre o quinto e sexto dia de desenvolvimento, fase chamada blastocisto, ele implanta no endométrio (nidação), dando início à gestação.
Na fertilização in vitro, óvulos e espermatozoides são coletados e selecionados para serem fecundados.
Para coletar os óvulos, o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos é induzido por medicamentos hormonais. Quando eles estão maduros são coletados e, os óvulos, extraídos em laboratório.
Simultaneamente, as amostras de sêmen também são coletadas e submetidas ao preparo seminal: os espermatozoides são capacitados por diferentes métodos e os mais saudáveis selecionados.
A fecundação ocorre em laboratório, in vitro. Hoje, o método mais utilizado é a FIV com ICSI ou injeção intracitoplasmática de espermatozoides, em que cada espermatozoide é diretamente injetado no óvulo por um aparelho de alta precisão, o micromanipulador de gametas.
Os embriões que resultam desse processo são cultivados por até seis dias em laboratório e podem ser transferidos em dois estágios de desenvolvimento: D3 ou clivagem, entre o segundo e terceiro dia, quando há ainda a formação de poucas células, ou no blastocisto, quando já há mais células formadas e divididas por função, fase em que a implantação ocorre na gestação natural.
Os embriões que não forem transferidos naquele ciclo são obrigatoriamente congelados, para serem usados em um ciclo seguinte ou no futuro, em uma nova gestação.
A FIV é a única técnica de reprodução assistida em que a fecundação é realizada no laboratório, possibilitando, dessa forma, o controle de ambos os processos: fertilização e cultivo embrionário.
O que é a doação de embriões?
Na FIV, os embriões congelados que não foram utilizados no ciclo seguinte devem permanecer congelados por no mínimo 3 anos. O prazo é determinado pelo Conselho Federal de Medicina, órgão que regulamenta a reprodução assistida no Brasil. Se após esse período não forem utilizados para uma nova gravidez, devem ser descartados ou podem ser doados.
A doação, entretanto, passou a ser uma alternativa importante para pessoas que não podem engravidar com óvulos os espermatozoides próprios, quando há riscos de transmissão de distúrbios genéticos para os filhos. Outra opção para a doação de embriões é a doação de gametas (óvulos e espermatozoides) para formação do embrião e posterior transferência para o útero da receptora.
Os embriões disponibilizados para doação podem ser selecionados em clínicas de reprodução assistida, a partir das características biológicas do casal. A doação também se tornou opção em relação à adoção tradicional, por considerar a conexão que naturalmente acontece entre mãe e filhos durante a gravidez.
Porém, como determinam as regras do CFM, a doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial, da mesma forma que não é permitido a doadores e receptores conhecerem a identidade uns dos outros. Para isso doadores e receptores deverão assinar um termo de doação e sigilo.
O que acontece após a recepção do embrião?
A família ou pessoa solteira que receber o embrião deverá arcar com os custos da transferência. Em alguns casos pode ser necessário o uso de medicamentos hormonais pela receptora que vai gestar, com o objetivo de aumentar a receptividade endometrial, critério fundamental para a implantação ser bem-sucedida e não resultar em falhas.
A transferência é a realizada na própria clínica de reprodução assistida sem necessidade de anestesia: os embriões são inseridos em um cateter e depositados no útero. Aproximadamente duas semanas depois a gravidez pode ser confirmada.
Se não houver sucesso, o procedimento pode ser novamente repetido em um novo ciclo. Além disso, a família ou pessoa que recebeu o embrião pode optar por ter outro filho no futuro sem ter que buscar um novo doador, pois o CFM permite que um mesmo doador contribua com quantas gestações forem desejadas, desde que em uma mesma família receptora e no período de armazenamento.
Por outro lado, exige que as clínicas de reprodução assistida onde são feitas as doações devem manter, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores.
Leia o nosso texto especial sobre doação de embriões e entenda mais detalhadamente sobre a doação de embriões.