O principal objetivo das técnicas de reprodução assistida é auxiliar casais com as mais diversas demandas reprodutivas a conseguir ter filhos de forma mais segura. A infertilidade conjugal é uma dessas demandas, assim como a preservação social e oncológica da fertilidade e o atendimento de casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos.
A indicação de cada técnica deve ser feita sempre de forma individualizada, considerando ao mesmo tempo as especificidades de cada caso e as limitações impostas por cada um dos procedimentos.
Técnicas menos complexas, como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), buscam a gestação potencializando as chances para que a fecundação ocorra nas tubas uterinas, utilizando para isso procedimentos e protocolos distintos.
A FIV (fertilização in vitro) é uma técnica de alta complexidade, considerada assim pois realiza de forma controlada praticamente todas os eventos que levam à gestação: do estímulo ao desenvolvimento de mais folículos, bolsas que contém o óvulo imaturo, até o momento que o embrião, já formado, encontra espaço no endométrio para realizar a nidação.
Enquanto a FIV é indicada para praticamente todas as demandas reprodutivas, a IA limita-se aos casos de infertilidade feminina e masculina leves e a RSP é ainda mais restrita, sendo indicada em casos bastante específicos.
A RSP – ou coito programado – é um conjunto de procedimentos que busca a gestação estimulando a ovulação e determinando de forma mais exata o período fértil, quando a mulher tem maiores chances de engravidar por vias naturais.
Acompanhe a leitura do texto a seguir, entenda melhor em quais situações o coito programado é indicado e conheça também os casos em que é necessário recorrer às outras técnicas de reprodução assistida.
Boa leitura!
O que é coito programado?
A relação sexual programada ou simplesmente RSP, também é chamada coito programado porque os procedimentos realizados por ela visam principalmente estabelecer, com precisão, o período fértil da mulher para que o casal possa programar as relações sexuais com chances maiores de engravidar.
O coito programado é dividido em algumas etapas: estimulação ovariana, indução da ovulação e as relações sexuais programadas propriamente ditas. Vamos compreender melhor como essas etapas acontecem.
Na estimulação ovariana para o coito programado, a mulher recebe doses leves de medicamentos hormonais, com início simultâneo ao do ciclo menstrual, visando induzir o recrutamento e amadurecimento de ao menos um folículo ovariano.
Esse tratamento é realizado por aproximadamente 12 dias ou até que o monitoramento da etapa, feito por sucessivos exames de ultrassonografia transvaginal, indique que os folículos estão maduros.
O monitoramento ultrassonográfico observa também se houve o amadurecimento de maior número de folículos do que o esperado, para evitar o risco de gestações múltiplas, que podem acarretar riscos.
A segunda etapa da RSP ou coito programado é a indução da ovulação. Para isso, a mulher recebe uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana), um hormônio que auxilia o rompimento do folículo para a ovulação e a manutenção do corpo lúteo, que produz progesterona e é fundamental para que a gestação aconteça.
A partir deste momento, a mulher tem aproximadamente 36h para manter relações sexuais com chances mais altas de engravidar, sendo por isso chamada etapa das relações sexuais programadas.
A confirmação da gestação é feita com exames laboratoriais, cerca de 14 dias após esse período, e a mulher pode iniciar o acompanhamento pré-natal.
Em quais situações o coito programado é indicado?
Uma das principais indicações do coito programado é para os casos em que, mesmo após a realização de toda a investigação diagnóstica em busca das causas da infertilidade de um casal, não há identificação de qualquer motivo que justifique a dificuldade para engravidar.
Esses casos, chamados ISCA (infertilidade sem causa aparente), são responsáveis por até 20% dos problemas de infertilidade no mundo.
É comum que o coito programado, técnica de reprodução assistida mais simples e acessível entre as disponíveis atualmente, seja suficiente para que esses casais consigam a esperada gestação.
Outra indicação do coito programado ou RSP são os casos de infertilidade feminina leve, que normalmente se manifestam em quadros de oligovulação, diminuição dos ciclos ovulatórios embora eles ainda aconteçam, diferente da anovulação, em que a mulher não apresenta ovulação.
A oligovulação pode ser um sintoma das fases iniciais da SOP (síndrome dos ovários policísticos): a etapa de estimulação ovariana interfere momentaneamente no equilíbrio hormonal e induz a ovulação, aumentando as chances de as mulheres diagnosticadas precocemente com essas doenças engravidarem.
Por que o coito programado pode ser restrito?
As restrições do coito programado devem-se principalmente ao fato de que, embora a técnica tenha capacidade para estimular a ovulação, ainda depende da integridade de todas as estruturas femininas e masculinas envolvidas neste processo para que a gestação aconteça.
Assim, os casais diagnosticados com infertilidade masculina de qualquer tipo, bem como os casos de infertilidade feminina por fator tubário, uterino e anovulação severa, não devem receber indicação para coito programado, pois as condições primárias que levaram à infertilidade não podem ser contornadas pela técnica.
Quando outras técnicas podem ser indicadas?
Outras técnicas podem ser indicadas quando a RSP não funciona. Nessas situações, normalmente a FIV é sugerida, já que esta é a mais abrangente e com maiores chances de sucesso.
De qualquer forma, a indicação para qualquer técnica de reprodução assistida, incluindo o coito programado ou RSP, deve considerar as especificidades e necessidades de cada casal.
Assim, podemos dizer que a IA é indicada para os mesmos casos de infertilidade feminina que a RSP, e também para infertilidade masculina, provocada por alterações seminais leves e não obstrutivas, enquanto a FIV é recomendada para praticamente todos os casos de infertilidade conjugal, além de outras demandas reprodutivas.
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